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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O AMOR LIMITADO DE DEUS - Parte 2



Expiação limitada

O terceiro e, talvez, o mais polêmico dos pontos do calvinismo - a Expiação Limitada -, foi formulado para combater a ideia de Expiação (redenção) Universal pura e na sua versão formulada pelos seguidores de Armínius. Para eles, a morte de Cristo foi extensiva a todos os homens, sem exceção.



Uma pergunta, porém, não quer calar: teria Cristo morrido, de fato, também por aqueles que passarão toda a eternidade no inferno?

Se a resposta a essa questão é afirmativa, então, devo concluir que o sacrifício de Cristo não foi tão perfeito e eficaz quanto o Deus trino pretendia? Devo concluir que Deus, ainda que tenha boa vontade em salvar todos os indivíduos, não tem poder suficiente para levar a termo a sua própria vontade?


Em favor de quem Cristo morreu? Morreu por todos? Quais foram aqueles em favor dos quais derramou Ele o seu sangue?  


A questão do propósito limitado da morte de Cristo (Expiação Limitada) tem sido alvo de inúmeras e intensas controvérsias. Certamente o nosso Senhor Jesus Cristo tinha alguma determinação absoluta em vista, quando subiu à cruz. Certamente tinha Ele um propósito bem definido, e, assim sendo, necessariamente, tinha que ser cumprido.


Se este propósito de Cristo incluísse a totalidade da humanidade, por certo, toda a humanidade teria que ser salva. E, isto, como sabemos, não ocorrerá!

Cristo não morreu para possibilitar a salvação de toda a humanidade, mas para assegurar a salvação de todo aquele que o Pai lhe deu (Jo 10:29). Cristo não morreu simplesmente para possibilitar o perdão dos pecados, mas para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo (Hb 9:26-28).

Propósito Limitado da expiação


O propósito limitado da expiação é uma conclusão lógica da escolha eterna. Se Deus escolheu alguns desde o princípio e se a vontade de Cristo era a vontade do Pai (Hb 10:7; Jo 6:38), nada mais óbvio do que chegarmos à conclusão de que
Cristo subiu naquela cruz apenas para salvar os que foram eleitos antes da fundação do mundo. Vejamos: Jo 6:37,39; 17:1,2,6,9 e 24.

Analisando a questão da expiação no V.T., em Levíticos 1:4-5 e outros textos, podemos ver que a culpa da pessoa era como que transferida para o animal. Aquele que oferecia o animal em sacrifício era considerado perdoado do seu pecado, da sua culpa. Uma vez por ano o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos para oferecer sacrifício, com sangue, por si e pelo povo (Lv 16:17-24, 23:28; Hb 9:7) e o povo era expiado, considerado perdoado. Diz-se que o animal expiou o pecado do povo, levando-o sobre si (Lv 16:21). De fato a expiação do V.T. era uma tipologia da morte de Cristo (GI 1:4; Hb 7:27; Rm 3:24-25).

Diante desses fatos bíblicos perguntamos: Em favor de quem foi oferecido este resgate? Ou quem foi expiado com a morte de Cristo?

Se respondemos que tudo isto foi em prol da raça humana inteira, então foi cancelada a divida de todo ser humano. Se Cristo levou sobre si o pecado de toda a raça humana, então ninguém mais perecerá; ninguém sofrerá a condenação final. Deus não pode exigir o pagamento de uma divida por duas vezes. Uma vez do fiador, que derramou seu sangue, e depois outra vez da mão do devedor. Ou teria o sacrifício expiatório de Cristo sido insuficiente?

O fato é que Cristo não saldou a dívida de todos (1 Pd 3:19; Jo 8:21; Mt 25: 41). Dizer que Cristo morreu por todos é dizer que foi substituto e fiador de toda raça humana. “Dizer que Cristo morreu por todos é dizer que Ele levou sobre si a maldição de muitos que agora levam sua própria maldição, é dizer que sofreu a punição de muitos que agora sofrem a sua própria punição no inferno”.

Por outro lado, dizer que foi ferido pelas transgressões do povo de Deus, que deu sua vida em resgate de muitos e que morreu pelas suas ovelhas é dizer o que dizem as escrituras. Vejamos alguns textos: Ef 1:4,5;Jo 10:16; 13:1; 17:19; 10:11; 11:49-52; At 20:28; Mt 20:28 Is 53:8.

Quando Cristo deu a sua vida na cruz do Calvário, deu-a por suas ovelhas, os eleitos! Não são todos os homens que estão incluídos na expressão “minhas ovelhas”. Portanto, Cristo não deu sua vida por todos os homens. Aos que estavam ao seu redor, ele disse: “Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas” (Jo 10:26).


Os reprovados, os não-eleitos, os descrentes não estão incluídos no número daqueles por quem Cristo deu a sua vida. Ele morreu só pelas suas ovelhas” (SPENCER, 1992. p.39).

domingo, 29 de julho de 2012

O AMOR LIMITADO DE DEUS - Parte 1


O amor de Deus não é tão "grande e ilimitado" assim como muitos pensam. Se Ele quisesse salvar a todos, poderia? Obviamente que sim. Afinal, Deus é Soberano. Ele pode absolutamente tudo que quiser. Por que não salva, então? Seria porque algumas pessoas são incrédulas? Porque algumas pessoas têm um coração duríssimo? Ou ainda não salva porque outras pessoas são blasfemas e não querem saber Dele?

Evidentemente que é de se esperar que pessoas de coração tão duros e ímpios e que rejeitam a bondade da qual seriam alvo, de forma tão acintosa, sejam excluídas ou recebam algum tipo de punição ou ainda que deixem de ser alvo desse amor que seria disponibilizado para elas. Geralmente agimos assim. Somos naturalmente vingativos. Somente as pessoas "merecedoras" se tornam alvo do nosso amor. Mas, com Deus não deveria ser diferente? Ele não poderia, e até "deveria", relevar os desmandos e desvios de todas as pessoas, e, assim, salvar a todos indistintamente? É isso que ocorre? Todos serão salvos? 

Muitos Universalistas acreditam que sim. Acreditam que, por Sua misericórdia e bondade, Deus aceitará a todos e não deixará que nenhum se perca, independentemente de exercerem fé ou não. Poderíamos resumir esse pensamento na frase "Jesus morreu por todos sem exceção". 

Apesar de ser o universalismo um pensamento muito simpático e favorável a nós, transgressores inveterados da Lei de Deus, ele foi considerado como herético no concílio de Constantinopla em 543 d.C. Apesar disso, é defendido pela maioria dos teólogos liberais e seus simpatizantes. Ainda que alguns textos bíblicos pareçam sugerir tal expiação universal, entendidos, obviamente, fora do contexto geral das Escrituras, essa ideia é realmente insustentável. Afinal, a bíblia fala da existência de réprobos quanto à fé, isto é, de pessoas que não serão salvas e que terão o inferno como destino e castigo eterno.

Outra corrente teológica que reflete sobre a extensão do amor de Deus é a corrente Arminiana. Essa evolução do Pelagianismo, diferentemente do universalismo, entende que, realmente, nem todos serão salvos necessariamente; porém, todos poderão ser salvos, se quiserem. O problema é que muitos não querem. Para eles, a salvação é um grande "self-service" de possibilidades. Ou seja, Jesus morreu não para salvar efetivamente, mas para possibilitar a salvação de quem quiser ser salvo. Ele fez a parte Dele, cabe ao homem agora servir-se e apropriar-se dessa salvação através da sua fé. O homem, nesse caso, é agente completamente ativo na sua própria salvação. Poderíamos resumir esse pensamento na frase "Jesus morreu por todos que quiserem ser salvos".



Um dos textos preferidos dos Arminianos é João 3:16, que diz: "Porque Deus o amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito para que todo aquele que Nele crê não pereça mas tenha a vida eterna". 

Curiosamente os arminianos alternam seu entendimento em relação à extensão do amor de Deus entre uma rápida e discreta passagem pelo universalismo e a limitação "camuflada" desse amor, muito embora não  admitam abertamente nenhum nem outro. Por exemplo, pela expressão do texto acima, "Deus amou o mundo", eles costumam entender que é um amor extensivo ao mundo inteiro, realmente. Isto é, a todas as pessoas. Porém, se perguntarmos a um bom arminiano se todos serão "necessariamente" salvos, dirá que não. Por outro lado, a expressão no mesmo texto acima "todo aquele que Nele crê" é altamente limitadora. Porém, se da mesma forma, perguntarmos a um bom arminiano se Jesus morreu apenas por alguns, eles negarão peremptoriamente. Apesar disso, não há como negar. Na visão arminiana, ainda que isso gere algum tipo de desconforto quando dito abertamente, o amor de Deus é limitado. E quem põe limite à ação extensiva do amor de Deus? O próprio homem, que decide não crer. É como se o homem sentenciasse soberanamente: "Deus, seu amor pode chegar até uma casa antes da minha, no meu vizinho; ele não deve chegar até a minha casa porque eu não permito; porque eu não quero". E Deus, na visão arminiana, obviamente, obedece ou ainda, como eles preferem dizer, respeita essa vontade do homem. 



Ora, parece claro que se o amor de Deus fosse "ilimitado e irrestrito" como, muitas vezes, supõem os próprios arminianos, deveria salvar até mesmo aquele que decide não querer crer.



Mas há ainda um terceiro grupo que se aventura a refletir séria e profundamento sobre o amor de Deus. São os Calvinistas. Esses, diferentemente dos universalistas e dos arminianos, defendem abertamente que o amor salvífico de Deus é limitado, extensivo e direcionado apenas a um grupo restrito de Eleitos. Sendo assim, admitem, sem o menor constrangimento, que os que "não são salvos" não o são porque o próprio Deus decidiu soberanamente que não seriam salvos e não porque simplesmente não quiseram crer. Ou seja, Deus decidiu eternamente tirar apenas alguns da perdição; o que pressupõe estarem todos nessa situação.

Por outro lado, admitem que  não há nada de diferente na natureza daqueles que serão salvos, em relação aos não salvos. Ou seja, os chamados "eleitos de Deus" não são intrinsecamente melhores que os não eleitos. Pelo contrário, todos são igualmente merecedores da ira de Deus, por conta de sua queda em Adão.

Estando todos caídos e mortos, espiritualmente falando, Deus, pela sua Graça, que por definição é fazer um favor a quem não merece, decide salvar alguns e derramar sobre esses - mas somente sobre esses - seu "infinito e ilimitado" amor salvífico, a ponto de sacrificar seu próprio Filho Jesus, exclusivamente por eles.  Poderíamos resumir esse pensamento na frase "Jesus morreu apenas pelos seus eleitos". 

Um dos principais e mais polêmicos pontos da teologia Calvinista, geralmente sintetizada em cinco pontos, versa exatamente sobre essa questão. Sobre a "Expiação Limita". Limitada não no poder e importância, e, sim, na extensão e aplicabilidade dessa expiação. Esse ponto ensina de forma clara e aberta que Jesus não morreu por todos. Porque se Ele tivesse morrido por todos sem exceção, todos deveriam, necessariamente, receber a salvação, sob pena de não ter sido um sacrifício perfeito e eficaz. Ensina que quando Jesus subiu à cruz, sabia exatamente, por decreto e não simplesmente por presciência, por quem estava morrendo e sendo oferecido em sacrifício: tão somente por aqueles que foram predestinados por Deus, para a salvação, desde a eternidade. Segundo essa visão, nenhuma gota de sangue do salvador se perdeu. Ou seja, todos pelos quais Cristo morreu serão, indubitável e necessariamente, salvos eternamente, tendo tido seus corações transformados e regenerados para quererem e depois exercerem fé salvífica no sacrifício de Cristo. 

Na próxima postagem estaremos abordando de forma mais detalhada esse terceiro ponto do Calvinismo, a "Expiação Limitada". Aguardem. 

quinta-feira, 5 de julho de 2012

A PENA DE MORTE, O ABORTO E O NOVO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO

Você concorda com aplicação da Pena de Morte no Brasil? Provavelmente não. Pouquíssimas pessoas concordariam. Se você é cristão, nesse momento, deve estar pensando o seguinte: como alguém que se diz cristão quer defender a Pena de Morte? Deixe-me lhe fazer uma pergunta: você já estudou esse assunto à luz da Palavra de Deus? Não, não precisa responder. Sua resposta, se for uma resposta sincera, será um sonoro não. Mas não é essa a questão que quero abordar nesse post. Prossigamos:

Suponhamos, por alguns instantes, que você terá que decidir pela vida de dois homens. Depende de você. O que você escolher para viver, viverá. O que você escolher para morrer, morrerá. É apenas um exercício. Não se furte a participar dele. Você terá que escolher um deles para morrer. Claro que não é uma escolha fácil, nem boa. Mas, ela precisará ser feita neste exercício.

Faça essa escolha agora mesmo. Qual desses dois homens abaixo você escolheria para morrer?


Quer saber um pouco sabre a história deles antes de decidir? Nada mais justo e coerente. Vamos lá:

O primeiro homem:

Trata-se de Pedro Rodrigues Filho, mineiro, hoje com 58 anos de idade, mais conhecido como "Pedrinho Matador". Reconhece ter matado mais de 100 pessoas. Tem diversas tatuagens com a frase "mato por prazer". Cumpriu 34 anos de prisão, quatro a mais que o permitido pelas leis brasileiras. "Ninguém queria soltá-lo". Mas, lei é lei. Estava solto desde 2007, após cumprir sua "dura" pena. Hoje está preso novamente, desde 15/09/2011.

Se ainda não tiver elementos suficientes para optar por esse homem, veja a mais recente entrevista que deu ao jornalista Marcelo Resende e conheça um pouco mais de sua história. É justo, afinal, você terá que tomar uma decisão difícil:





O segundo homem:

Bom, esse homem ainda não tem história. 

Ele tem apenas alguns meses de vida intra-ulterina e só. Ele está correndo um grave risco de nunca ter uma história. Estão querendo tirar-lhe esse direito basilar. 

Você sabia que o anteprojeto de lei do novo Código Penal Brasileiro, elaborado por uma comissão de juristas, entregue ao presidente do Senado, José Sarney, no último dia 27/06/12, prevê, entre outras atrocidades, o aborto? Veja:

A principal inovação na legislação sobre aborto é que uma gestante poderá interromper a gravidez até 12 semanas de gestação, caso um médico ou psicólogo avalie que ela não tem condições "para arcar com a maternidade". Conforme: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2012/03/10/comissao-do-novo-codigo-penal-amplia-regras-para-aborto-legal-435436.asp.

Se não fizermos nada, certamente, esse anteprojeto será aprovado do jeito que está e passará a ser o novo Código Penal Brasileiro. Já parou para pensar na quantidade enorme de pessoas que morrerão por meio desse instrumento do "aborto legal"?

E você? Já fez sua escolha? Quem você escolherá para morrer? É apenas um exercício. Decida agora: Pedrinho Matador - o primeiro homem - ou o feto de 12 semanas da foto, o segundo homem?

O Brasil está muito próximo de fazer essa escolha. Os mesmos juristas e políticos que são radicalmente contra a pena de morte para assassinos como Pedrinho matador são radicalmente a favor do aborto.


Por que pode matar um e outro não, se a única diferença que existe entre eles, enquanto homens, é o tempo de vida?

Assista ao vídeo abaixo e não deixe de assinar a petição pública que será encaminhada ao presidente do congresso com a finalidade de não permitir esse verdadeiro infanticídio:


sexta-feira, 29 de junho de 2012

O EVANGELHO DO BISCOITO E O HOMICÍDIO DO CÉREBRO


Agente escuta cada uma em ônibus. Essa semana tive o desprazer de ficar perto de uma irmã, provavelmente pastora, pelo tom de autoridade espiritual que falava, que estava conversando ao celular com outra possível irmã, provavelmente uma de suas discípulas. Infelizmente não tive como não escutar; não tive como proteger meu cérebro, meus tímpanos e meu estômago. Dizia ela: "quando Deus me dá uma tarefa é tarefa cumprida". Beleza, até aí tudo bem.  E continuou: "não gosto nem de conversar com quem diz que não gosta de ouvir Silas Malafaia, Ricardo Godim, Valnice Milhomes e  Paulo Brunet" (esse último não sei quem é, por isso, se fosse pra escolher algum pra ouvir, escolheria ele), são minhas referências", concluiu a poderosa. Cá pra nós, tá bem ela de referências, heim? Sinceramente, por um momento achei que ela me conhecia e estava soltando algumas indiretas. Mas logo me toquei. Não era comigo. Muita pretensão minha achar que só eu não gosto de lixo teológico. Lá pelas tantas, ainda no celular: "irmã, preste atenção em tudo que eu falo, ainda que não tenha nada a ver com a conversa, de repente Deus pode me usar e dar algum recado pra você. Sabe por quê?" Perguntou a toda poderosa. Confesso que me interessei pela resposta. "Por causa do biscoito", completou ela.  Biscoito? A pergunta que fiz apenas na mente sua interlocutora também deve ter feito de viva voz, o que a levou a explicar: "uma vez eu estava pregando e Deus mandou falar: olhe o biscoito. Não tinha nada a ver com o assunto, mas Deus mandou e eu obedeci. Volta e meia saia da minha boca: olha o biscoito, não sabia o que Deus queria com isso, mas obedecia". Rapaz, né que já estava torcendo pra não chegar minha parada?! Queria saber da história do "biscoito treloso" (eita, já estou batizando o biscoito da pastora - treloso é uma conhecida marca de biscoitos em Recife -, mas a marca ela não falou não, desculpe). Voltando ao biscoito, ou melhor, à conversa: "mas irmã, quando vi tinha um homem chorando copiosamente, pedi pra que ele se aproximasse e ele deu seu testemunho, dizendo: quando criança roubava os biscoitos que minha mãe escondia (para passar o mês inteiro), e comia tudo, por isso nada dava certo na minha vida (isso chorando ainda) e hoje Deus me mostrou o meu pecado e me libertou. Tá vendo irmã"? E sentenciou novamente: "então preste atenção em cada palavra que eu falar, ainda que não tenha nada a ver com a conversa, pois pode ser um recado de Deus pra você". Pronto. Chegou minha parada, tive que descer. Que pena. Eu tinha até algumas sugestões de palavras pra soprar para a "poderosa" dizer àquela irmã que estava do outro lada da linha. Cito algumas: "abiscoitada, abestalhada, desocupada, retardada" e mais umas cinco ou seis. O problema é que essas palavras fariam sentido em qualquer momento daquela conversa.Certamente elas não as tomariam como um recado divino; e não era mesmo; era só meu.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

RIO+20 E A QUESTÃO AMBIENTAL: A VERDADEIRA HISTÓRIA DA PREOCUPAÇÃO COM O AQUECIMENTO GLOBAL



De uma hora para outra o homem se tornou um grande defensor da natureza e, conseqüentemente, da criação de Deus. Não parece estranho? Sempre suspeitei que houvesse algo de inconsistente no belo discurso de preservação da natureza. Não devemos ter essa preocupação? A questão não é essa. Devemos sim, claro. Muito embora essa história toda não tenha um tom tão apocalíptico assim quanto estão dando. A questão é a motivação que acabou gerando esse surto de “preocupação” com o meio ambiente. Teria o homem se arrependido por todos os danos que trouxe à biodiversidade e aos ecossistemas? Não, não estou me referindo, por exemplo, aos poluentes que o homem  tem despejado nos rios, nem aos gases tóxicos que tem liberado no ar. Tudo isso é só e somente só, apenas,  conseqüências de uma causa maior. Bem maior, por sinal.

A terra está sob maldição por causa do homem. O livro de Gêneses registra a sentença de Deus sobre o representante legal da raça humana, depois de sua livre desobediência. A Adão disse: "Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo. No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás" (Gênesis 3:17-19).

A expressão CARDOS E ABROLHOS é muito significativa. Caio Fábio, em um interessante livro intitulado “Os espinhos da vida, vivenciando as tragédias da alma”, diz que essa expressão:

"Significa que Deus deu uma sentença: de hoje em diante nascerão cardos e abrolhos, prevendo uma tragédia universal em função do pecado do homem. Não apenas um fato ligado aos vegetais porque estes surgiram como mutações posteriores; surgiram em função de todos estes efeitos tremendos que vêm de irradiações desde o sol, e que mudaram a nossa atmosfera. Estas mudanças entraram em choque e geraram estas espécies que caracterizaram a queda do homem em tragédias sem fim. São os cardos que simbolizam toda a tragédia da humanidade. Simbolizam as crises nas quais os homens estão envolvidos, e os espinhos que surgiram no mundo, os espinhos biológicos, são os predadores, são as anomalias, são as doenças congênitas. Estes são os espinhos da carne, os espinhos da vida biológica", conforme: http://www.scribd.com/doc/548913/Caio-Fabio-Os-Espinhos-da-Vida. (Esse trecho é parte de outra postagem intitulada “A origem das tragédias humanas, que você poderá acessar no link: http://filosofiacalvinista.blogspot.com.br/2011/01/origem-das-tragedias-humanas.html).

Partindo dessa visão escriturística,  temos que concluir que as condições climáticas e metereológicas de hoje não são piores que as condições do passado, considerando que essa maldição data do proto da raça humana. Por conseguinte, devemos concluir também que as tragédias naturais de hoje são apenas fluxo natural de algo que sempre aconteceu. Ou seja, não há nada de diferente acontecendo na terra, nesse sentido. E isso não é verdade? Obviamente que sim. Terremotos sempre existiram. Tsunames também. Fome também. Seca também. Cheia também.

Então, se é assim, perguntamos: O que há de diferente hoje que justifique essa “preocupação” exacerbada com a questão ambiental?

Nesse ponto de nossa reflexão voltamos à questão da motivação que falávamos no início. Certamente o homem não ficou bom, pois sua natureza é má desde o seu nascimento. Sendo assim, tende a se rebelar contra as coisas de Deus e isso inclui a natureza. Com isso estamos defendendo que essa motivação não é legítima, não é sincera e está carregada de intenções esdrúxulas por trás do discurso politicamente correto da defesa do meio ambiente.

Toda essa preocupação tem um único objetivo: ganhar dinheiro. Isso mesmo, a questão econômica é o que realmente importa. É isso que está por trás, nos bastidores da Rio-92 (1992), do protocolo de Kyoto (1997), da Rio+10 (2002. O termo +10 faz referência ao início dessa discussão, na Rio-92) e agora, finalmente, da Rio+20 (2012, ou seja, 20 anos da Rio-92).


Você já ouviu falar no cientista Drº Luiz Carlos Molion? Ele é professor da UFAL, com pós-doutorado em Climatologia e mudanças climáticas e representante da América Latina da organização metereológica mundial.  Ou seja, tem todas as credencias científicais para confirmar tudo que estamos dizendo acima. Veja a surpreendente entrevista que ele concedeu ao programa Roda Viva, onde aborda todas essas questões que levantei acima. Essa entrevista foi um achado para mim, que sempre pensei assim. Veja o vídeo abaixo, não deixe de conferir.


Para ver a entrevista inteira que tem quase uma hora, acesse: 

Qual sua opinião sobre o tema?

sexta-feira, 8 de junho de 2012

PARABÉNS PRA VOCÊ OU GRAÇAS A DEUS?



Jesus, certa vez, disse algo que é muito pertinente relembrarmos num momento de comemoração de mais um ano de vida, especialmente num contexto de festa de aniversário. Disse Ele: “Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso de sua vida”? (Lucas 12:25). Côvado é uma unidade de medida que equivale a aproximadamente 45 centímetros. O argumento irrefutável nos lembra que nenhum de nós; absolutamente ninguém, tem a capacidade de alongar, nem mesmo por alguns centímetros, a caminhada que nos está proposta. Alguém consciente pode negar isso? Nem mesmo os mais abastados com suas muitas riquezas podem decidir por viver mais um pouco, tendo chegado o limite do curso de sua vida. Os poderosos não poderão usar sua recorrente arrogância para conquistarem mais tempo.  A fé dos religiosos também não os ajudará a merecerem tamanho benefício. Os pobres também não poderão usar seu sofrimento momentâneo como estratégia de convencimento para prolongamento de suas vidas. O fim da estrada é absolutamente democrático e irrevogável. Essa reflexão perpassa uma questão filosófica fundamental e basilar: afinal, “que é o homem”? É a pergunta feita também pelo Salmista; respondendo ele mesmo: “ O homem é como um sopro; os seus dias, como a sombra que passa (Salmos 144:3-4). E ainda outro salmista afirma: “Os dias da nossa vida sobem a setenta anos ou, em havendo vigor, a oitenta; neste caso, o melhor deles é canseira e enfado, porque tudo passa rapidamente, e nós voamos” (Salmo 90:10). É o que somos: “humanos; demasiadamente humanos”; seres cujo DNA está impregnado de transitoriedade e dependência, face à Eterna e Imutável existência de Deus, como ainda afirma o Salmista: “Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus” (Salmo 90:2). Somos loucos em não atentarmos para tão grande diferença entre Ele e nós. Parabenizar, ser parabenizado ou ainda parabenizar-se por mais um ano de vida, não significaria, em última análise, entender que o continuar vivo, de alguma forma, depende ou dependeu de nós? Diante do exposto acima, não fica sem sentido, em qualquer língua, as famosas palavras cantadas “Parabéns pra você ou Happy Birthday to You”? Antes, não seria mais adequado, à ocasião, ações de Graças a Deus, único autor e preservador da vida? Façamos nossas, pois, as palavras de Moisés, em seu salmo solitário: “Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio” e ainda: “Sacia-nos de manhã com a tua benignidade, para que cantemos de júbilo e nos alegremos todos os nossos dias” (Salmo 90:12,14).

segunda-feira, 21 de maio de 2012

A IGNORÂNCIA É FELICIDADE



A ignorância é Felicidade!  Frase aparentemente inocente e despretensiosa, mas que está cheia de significados e implicações filosóficas. Ela aparece no filme Matrix, numa importante discussão acerca da verdade. Parece supor alguém que conhece os dois lados da moeda: a ignorância e o conhecimento. Alguém que trilhou caminhos bem definidos para alcançar o alvo-conhecimento e, agora, olhando para trás, chega à conclusão que era mais feliz no tempo da ignorância. “Melhor tivesse ficado sem conhecer a verdade, na ignorância”, chega-se a afirmar.  De fato, conhecer, muitas vezes, é atormentador.

Paulo, Apóstolo de Jesus Cristo,  sentiu na pele o peso que o conhecimento trás ao homem. Diz ele: “eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás” (Romanos 7:7). 

Sabedor, agora, do que deve e do que não deve fazer, Paulo passa a viver o conflito existencial que somente aquele que “conhece” vive. A luta agora, depois de ter “conhecido”, é contra o mais difícil inimigo a ser enfrentado: sua própria natureza, que teima em fazer aquilo que a sua própria consciência, agora espiritual, lhe diz para não fazer: “Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço” (Romanos 7:19). Resultado: tristeza, frustração, decepção, sentimento de impotência e insatisfação. Tudo isso descrito num profundo brado de lamento e melancolia por ter chegado ao “conhecimento” que chegou. Conclui Paulo: “Desventurado homem que sou! (Romanos 7:24).

Numa elucubração anacrônica, imaginemos Paulo assistindo Matrix. Será que ele concordaria com a célebre frase “Ignorância é felicidade”?

A.W.Pink comentando essa luta interior que o apóstolo Paulo travava com sua própria consciência-conhecedora, faz a seguinte afirmação:

O reconhecimento dessa guerra em seu íntimo e o fato de que se tornou cativo ao pecado levam o crente a exclamar: “Desventurado homem que sou!” Esse é um clamor produzido por uma profunda compreensão da habitação do pecado. É a confissão de alguém que reconhece não haver bem algum em seu homem natural. É o lamento melancólico de alguém que descobriu (grifo meu) algo a respeito da horrível profundeza de iniqüidade que existe em seu próprio coração. É o gemido de uma pessoa iluminada por Deus, uma pessoa que odeia a si mesma — ou seja, o homem natural — e anela por libertação (http://www.editorafiel.com.br/artigos_detalhes.php?id=84).

Eis o tormento causado pelo conhecimento, inclusive da Lei Moral de Deus. Acaso não teria sido mais vantajoso ter continuado na ignorância em relação à Lei?  Muito tarde para isso. Não dá mais para “não ter conhecido”. Uma vez iluminados pela luz da verdade, não conseguiríamos viver novamente na escuridão da ignorância; por mais difícil que seja conviver com o conhecimento. E se pudéssemos aconselhar o ignorante? Diríamos para continuar na sua ignorância para não se arrepender de ter conhecido? Estaríamos corretos?

O Filósofo Grego Platão, em sua Alegoria da Caverna, abordada a partir da Teoria do Conhecimento, ensina que a vida do ser humano pode ser divida em 3 etapas:

1º) A primeira etapa, a Agnosis, é a etapa da Ignorância, representada, em sua alegoria, por homens presos, desde a infância, no interior de uma caverna escura, olhando sombras refletidas na parede, enquanto entendem ser esta a única realidade/verdade existente, já que não conheciam outra. Segundo Platão, todos os seres humanos, sem exceção, já nascem  nessa etapa, na ignorância. A maior parte das pessoas jamais sairão dela. Nascerão, viverão e morrerão na ignorância.


2ª) A segunda etapa, o Doxa, é a etapa da desconfiança ou opinião, representada na alegoria, pelo prisioneiro que consegue se libertar e olhar, pela primeira vez em sua vida, em outra direção, para a entrada da caverna, quando percebe que existe algo além das sombras que entendia como a única verdade existente, porém, ainda não consegue discernir com clareza o que consegue ver no exterior da caverna, mas tem, agora, certeza de uma coisa: existe algo além das sombras que via. Segundo Platão, algumas pessoas transcendem à Agnose e conseguem chegar a essa etapa, mas não todas.

3ª) Finalmente, a terceira etapa, Episteme, é a etapa do “Conhecimento”. Quando o indivíduo que conseguiu se libertar de sua cadeia, imposta desde a infância, e, agora, sai definitivamente da caverna, ficando frente a frente com o real, com a verdade. Ele finalmente, “conhece” a verdade e entende perfeitamente que antes, quando na caverna, era um ignorante, vendo sombras e julgando ser a realidade. Segundo Platão, poucos chegam nessa etapa.


A imagem acima, em forma e significado piramidal, demonstra bem o número de pessoas em cada uma dessas etapas:

Ao se deparar com a Luz da verdade, do conhecimento, identificados na alegoria de Platão pela Luz do sol, o preso que consegue se libertar das cadeias, já começa a sentir os primeiros problemas causados pelo “conhecimento”:

1)  Seus olhos, agora desconfortáveis,  são ofuscados por conta dos longos anos vividos na escuridão da caverna;

2)  Sente a necessidade, incontrolável de voltar à caverna para tentar soltar seus companheiros de infortúnio, pois o conhecimento da verdade não lhe permite mais viver tranquilamente enquanto lembra-se de outras pessoas, seus companheiros, que ainda estão vivendo  na completa escuridão da ignorância, o que denota a inquietação e responsabilidade trazida pelo conhecimento;

3)  Sofre muita resistência dos seus antigos companheiros de prisão ao tentar abrir-lhe os olhos para que, também, assim como ele, conheçam a verdade. Afinal, é bem mais cômodo ficar na zona de conforto que sair em busca do conhecimento.

4)  Como insiste em levar o conhecimento adquirido adiante, aos outros, é, finalmente, morto por seus próprios companheiros. De fato, muitas vezes o conhecimento poderá ser responsável por traumas irremediáveis.

A decisão por querer conhecer  é algo de extrema responsabilidade e que trás um imenso peso ao ser humano. Chegar ao conhecimento, entretanto,  não é nada fácil. Por isso mesmo, muitas pessoas preferem continuar na comodidade e na inércia da ignorância. É preciso percorrer um longo e árduo caminho para chegar ao conhecimento.

O filme Show de Truman aborda de forma brilhante esse tema, completamente embasado na  Teoria do Conhecimento de Platão. Ou seja, alguém que vivia na completa escuridão da ignorância e depois resolve sair em busca da verdade, do conhecimento. Veja toda a dificuldade que essa atitude pode gerar, na cena final do filme, abaixo:


Apesar do tormento que o “conhecimento” pode trazer, ele é também fonte, talvez a única, de soluções inadiáveis. O conhecimento prévio de uma doença grave, por exemplo, ainda que traga dor e tristeza, pode ser fundamental para o início de um tratamento eficaz. Da mesma forma, o conhecimento do perigo que um filho está correndo, por mais desesperador que seja para seus pais, pode permitir que cheguem a tempo de salvá-lo do desastre eminente.  
  
Finalmente, o que a bíblia tem a nos dizer sobre esse tema? 

Qual a recomendação e opinião da Palavra de Deus a esse respeito? Devemos buscar o conhecimento ou, antes, pelo contrário, preferir a ignorância? Qual o melhor para nossa vida? O atormentador  peso do conhecimento ou a suposta leveza da ignorância?

Que muitos líderes religiosos preferem seus rebanhos na mais completa escuridão e ignorância, para poder assaltar-lhes os bolsos com maior tranqüilidade, é certo. Mas, e a Bíblia? O que nos diz? Vejamos alguns textos:         

Mateus 28:19-20: “19.Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;  20.ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século”.

Algumas pessoas costumam dizer que não gostam de teologia. “Meu negócio é vida prática”, afirmam. No texto acima, um dos mais conhecidos, sempre que é citado, pontua-se a questão do “Ide” (v.19), da “evangelização”. Mas, não podemos esquecer que o mesmo imperativo para “evangelizar” é aplicado, com a mesma intensidade, para a necessidade do “ ensino  da palavra de Deus” (v.20). Em Mateus 22:29, Jesus levanta mais uma vez a questão da importância do aprofundamento no estudo das escrituras. Diz ele: “Errais, não conhecendo as Escrituras”. Em João 5:39, sobre esse assunto, mais uma vez Jesus incentiva o aprofundamento nas escrituras, diz ele: “Examinai as escrituras”.

Jesus, em João 8, fala de escravidão, sinônimo de ignorância, e de libertação, sinônimo de conhecimento:

8.36   Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.

Qual o meio utilizado pelo Filho para promover essa libertação, inclusive da ignorância da falta de conhecimento de Deus e de seus preceitos?

8.32   e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. (Conhecimento da Verdade)

E o que é a verdade?

Jesus, em João 17:17, explica: “ Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade”.

O próprio Paulo, mesmo sabedor do sofrimento e responsabilidade que o conhecimento trás, opta por ele e desconsidera a possibilidade de viver na ignorância. Muito embora, o conhecimento de Deus e dos seus preceitos também produzam prazer e descanso sem igual.

II Timóteo:

3.10 Tu, porém, tens seguido, de perto, o meu ensino, procedimento, propósito, fé, longanimidade, amor, perseverança, 3.14   Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste 3.15   e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. 3.16   Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, 3.17   a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.


Colossenses

1.10   a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus;

Romanos

1.28   E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes,


Tito

1.1   Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, para promover a fé que é dos eleitos de Deus e o pleno conhecimento da verdade segundo a piedade.

Por fim, devemos entender que o conhecimento de Deus e de seus preceitos, descritos exclusivamente em sua Palavra, são verdadeiros luzeiros a iluminar nosso caminho, a dissipar por completo as trevas da ignorância.


A ignorância é Felicidade?

Depende do que entendemos por Felicidade. Depende do objetivo de nossas vidas. Se nosso objetivo é a glória de Deus, não podemos ficar alheios ao conhecimento Dele e de seus preceitos. Se há alguma possibilidade da ignorância trazer felicidade, prefiro, e devemos preferir, a dor do conhecimento à louca sensação de paz e tranqüilidade que a ignorância forja, fazendo tudo parecer real, enquanto sabemos: são apenas sombras.


Preferir sombras à verdade, tendo a possibilidade de conhecer a verdade, é um ato tão louco quanto pode ser.

Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos (Salmos 119.105).

sexta-feira, 4 de maio de 2012

GERAÇÃO DE DAVI - NOVO CLIP




O grupo Musical Geração de Davi lançou clip da música Coração Adorador, do seu novo CD. Inegavelmente grupos como o desses irmãos (do meu irmão Marcos Correia) têm revolucionado a música gospel e ajudado a melhorar sua qualidade técnica, com instrumentos top de linha e músicos de alta qualidade. Sem eles, a música gospel estaria fadada a continuar sendo produzida com equipamentos, instrumentos e músicos de quinta categoria no Brasil. Conheço outras músicas do grupo Geração de Davi, do primeiro CD, e posso testificar essa qualidade. Por outro lado, grupos como o Geração de Davi têm sido responsáveis pela inclusão de novos conceitos, como por exemplo, a chamada “ministração da música”, comum em 99,9% das igrejas, como forma de condução da igreja à adoração, bem como a utilização desse elemento lúdico - a música - para o doutrinamento da igreja. Gostaríamos de saber sua opinião sobre o assunto.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

A CONTRIBUIÇÃO DA FILOSOFIA BERGSONIANA PARA A QUESTÃO BIOÉTICA DO ABORTO EM FETOS ANENCÉFALOS E DA EUTANÁSIA - Parte IV - FINAL



CONCLUSÃO

A filosofia bergsoniana dá uma importante contribuição às graves e atuais questões da bioética. Muitas vozes têm se levantado contra o aborto – especialmente dos fetos com anencefalia -, bem como contra a eutanásia, mas nenhuma delas (nessa área específica do conhecimento) com a pujança da filosofia de Henri Bergson.

Em julho de 2007, a impressa do mundo inteiro noticiou a “surpresa” dos médicos pela “retomada de consciência” de um polonês que há dezenove anos estava no chamado estado vegetativo[i]. Essa é uma prova evidente de que a ausência de atividade cerebral – somente – não é prova definitiva para uma pessoa ser declarada morta, tendo em vista a possibilidade de reversão do quadro, ainda que remota, ainda que para a surpresa da ciência.

Por tudo isso, a desvinculação do binômio cérebro-consciência, sugerida por Bergson, precisa ser “urgentemente” reavaliada. A ciência não pode assumir (como tem feito) postura de detentora de todos os conhecimentos. A ciência – sozinha – não pode e não deve definir o que é vida e o que é morte. Quantos “fetos vivos” ainda terão que ser extirpados, por não serem definidos como “seres humanos” pela ciência? Quantas Terri Schiavo’s  ainda terão que morrer de inanição, porque a ciência (que deveria advogar em favor da vida) lastreou a retirada das sondas de alimentação? Quantas Eloás não perderão o direito, diferentemente do polonês, de aguardar um pouco mais a reversão de seu quadro?

Urge uma necessidade eminente de redescobrirmos a filosofia bergsoniana, para o bem e continuação da vida.

BIBLIOGRAFIA

BEAUPORT, Elained. A inteligência emocional: as três faces da mente. Trad. de Marly Winckler. Brasília: 1997. p

BERGSON. Henri. A consciência e a vida. Trad. de Franklin Leopoldo.  São Paulo: Abril Cultural, 1979d. p. 75. (Coleção os Pensadores).

______. A alma e o corpo. Trad. de Franklin Leopoldo.  São Paulo: Abril Cultural, 1979e. p. 75. (Coleção os Pensadores).

______. Cartas, conferências e outros escritos. Trad. de Franklin Leopoldo. São Paulo: Abril cultural, 1979i. 238 p. (Coleção Os Pensadores).

BERKOHOF, Louis. Teologia sistemática. Trad. de Odayr Olivetti. Campinas: Luz para o caminho, 1990. 791p

DELNERO, Henrique Schutzer. O sítio da mente: pensamento e vontade no cérebro humano. São Paulo: Collegium Cognitio, 1997

LUCKESI, Cipriano. Filosofia da educacao. 1. ed. Sao paulo: Cortez Editora e Livraria Ltda, 1994. 183 p. -- (colecao magisterio-2. grau. serie formacao do professor)

MACHADO. Ângelo. Neuroanatomia funcional. São Paulo: Atheneu, 2004. p

MORAES, Maria Cândida. Pensamento eco-sistêmico: educação, aprendizagem e cidadania no século XXI. Petrópolis: Vozes, 2004. p

TEIXEIRA, João de Fernandes. Filosofia e ciência cognitiva. Petrópolis: Vozes, 2004. p.

[i] http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2007/06/02/296007334.asp: “Um polonês que permaneceu 19 anos em coma, depois de ter sido atropelado por um trem, surpreendeu os médicos ao retomar a consciência. De acordo com a imprensa polonesa, Jan Grzebski, hoje com 65 anos, ficou espantado com as mudanças na Polônia e em sua família durante o tempo em que permaneceu em coma. “Agora eu vejo pessoas nas ruas com telefones celulares e há tantas coisas boas nas lojas que eu fico tonto. Quando entrei em coma, havia apenas chá e vinagre nas lojas, a carne era racionada e havia imensas filas para abastecer os carros em toda parte”.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

A CONTRIBUIÇÃO DA FILOSOFIA BERGSONIANA PARA A QUESTÃO BIOÉTICA DO ABORTO EM FETOS ANENCÉFALOS E DA EUTANÁSIA - Parte III


O QUE É O HOMEM?

Finalmente, depois de desconstruir a idéia de uma consciência existente apenas como uma espécie de espelho do cérebro, Bergson se vê diante do mesmo antigo problema ontológico: O que é o ser “homem”? A essa questão responde de forma simples, nunca superficial: matéria e consciência.

O homem é, enquanto matéria, “submetido à necessidade, desprovido de memória [...] nada acrescentando ao que já havia no mundo” (BERGSON, 1979d, p.77). 

A matéria serve como uma espécie de aprisionamento do homem no presente, o que não devemos confundir com a teoria platônica, pois Bergson não vê o corpo como uma “prisão”, no sentido negativo utilizado por Platão. Para ele, isso é apenas uma constatação, sem a preocupação de juízos de valores, sem contar que a interação que há entre o corpo e o outro elemento constitutivo do homem, que não pré-existe, como afirma Platão, ao contrário: co-existe, se dá de forma natural e positiva, como ele mesmo afirma: “A matéria é necessidade, a consciência é liberdade; mas por mais que elas se oponham uma à outra, a vida encontra meio de reconciliá-las” (BERGSON, 1979d, p.75).

Esse confinamento no momento presente se dá devido à constituição do corpo, e Bergson faz questão de frisar isso para evidenciar ainda mais o outro contraponto ontológico – a alma.

Bergson, ao analisar o problema do tempo, defende certa primazia do presente, de forma que as outras modalidades de tempo parecem orbitar em torno dele. Esta primazia é ainda mais acentuada com relação ao corpo, como afirma: “o corpo é matéria, a matéria está no presente” (BERGSON, 1979d, p.84). E novamente, para clarificar ainda mais essa idéia, na forma de síntese, afirma ele que “o corpo que está confinado ao momento presente no tempo, e limitado ao lugar que ocupa no espaço, que se conduz como autônomo e reage mecanicamente às exigências exteriores” (BERGSON, 1979d, p.84).

Bergson teve sua formação lastreada sob os moldes do Positivismo, não ficando, contudo, preso aos seus ditames. Esse conhecimento científico, sobretudo das ciências biológicas, matemáticas e físicas, com uma boa ênfase em mecânica, foram experiências relevantes em sua vida, e o habilitaram ainda mais para aprofundar uma metafísica que conduzisse o homem aos fatos reais; a não retirar a verdade dos fatos, mas, antes, a experimentar a própria verdade no próprio fato. Isso já havia sido almejado por Spencer, mas, por não ter “os conhecimentos necessários de mecânica” e das outras ciências positivas, não logrou êxito em sua investida, deixando difícil missão para Bergson.

O fato é que, mesmo sendo um homem das ciências, Bergson não se conformava com a falta de fidelidade nas respostas oferecidas pelo Positivismo e pela própria metafísica tradicional, sobretudo quanto à questão do tempo.

Para ele, o homem não pode ser constituído apenas de moléculas e outros centros nervosos, ainda que sofisticadíssimos. Ao lado disso, existe um outro elemento, talvez nem mais nem menos importante que o primeiro, mas que não pode ser negado enquanto elemento igualmente constitutivo da essência do ser humano: a alma. Centro de toda imprevisão, possuindo caráter voluntário e antagônico à previsibilidade da matéria é, por isso mesmo, e não por não se deixar dominar e por não “caber” nas respostas pré-fabricadas das ciências positivas, negada, como percebe Bergson:

A verdade é que se pudéssemos, através do crânio, ver o que se passa no cérebro que trabalha, se dispuséssemos, para observar o interior do cérebro, de instrumentos capazes de aumentar milhões de vezes mais do que nossos melhores microscópios, se assistíssemos assim a dança das moléculas, átomos e elétrons, de que é feita a substância cerebral [...] saberíamos tão bem quanto à pretensa “alma” tudo o que ela pensa, sente e quer tudo o que ela acredita fazer livremente enquanto o faz mecanicamente [...] pois a pretensa alma, consciente apenas para abarcar uma pequena parte da dança inter-cerebral [...]. “A alma consciente”, é quando muito, um efeito que percebe efeitos (BERGSON, 1979e, p.75).

Além das características de imprevisibilidade, o que a torna também sempre criadora, pois, como suas atitudes não podem ser previstas, todas as suas realizações serão sempre novas, nunca antes existentes, essa alma possui também a capacidade de ultrapassar, de transcender, não sendo nenhum tipo de reflexo do material, do corpo, isto é, não pode ser encontrada em nenhum lugar do corpo, nem mesmo nos neurônios e teias cerebrais[i]. Isso equivale a dizer que a alma é outro elemento constitutivo do ser humano, dotado de distinção e características próprias, nunca fruto de emanação da matéria, do corpo.

A alma transcende, ultrapassa todos os limites do corpo a quem está intrinsecamente ligada, mas, ao mesmo tempo, separada por suas próprias distinções categóricas. A alma ultrapassa o corpo tanto no espaço como no tempo. No espaço, porque, diferentemente do nosso corpo, que está detido nos contornos da matéria que o limita, tem a capacidade de perceber, de ver o que está distante do nosso corpo, “podendo deslocar-se até às estrelas”; “viajar” a milhas e milhas de quilômetros, enquanto nosso corpo permanece inerte, segurando um bom livro.

Mas a alma também transcende o corpo no tempo. Nosso corpo, sendo matéria, está no presente, e ainda que traga em si os traços dos tempos passados, só o são assim, passados, por causa da alma, da consciência que assim os interpreta, como diz Bergson:

Se é verdade que o passado aí deixa seus traços, são traços de passados apenas para uma consciência que os percebe e interpreta o que percebe à luz do que ela recorda: a consciência, ela sim, retém o passado enrolando sobre si própria, na medida em que o tempo passa, e prepara com ele um futuro que ela contribuirá para criar (BERGSON, 1979d, p.83).

Bergson parece ter apreendido essa noção de alma, espírito, consciência, não somente através de seus métodos experimentais de um “empirista radical”, em contrapondo com o elemento corpóreo e material, mas, possivelmente, pode ter sofrido algum tipo de influência do pensamento judaico, uma vez que era de família judaica[ii]. Isso pode explicar porque se utiliza de sinônimos para representar a idéia de consciência, como, por exemplo, espírito, alma, eu. A utilização de sinônimos é muito comum na literatura judaica, além de considerar também a igualdade entre conceitos:

É costume entender que o homem é constituído de duas partes distintas, e de duas somente, a saber, alma e corpo. Várias palavras são empregadas no Velho Testamento para indicar o elemento inferior do homem ou parte dele, como: carne, pó, ossos, entranhas, rins e também expressões metafóricas como “casa de barro”. Há também diversas palavras que indicam o elemento superior, como: espírito, alma, coração e mente (BERKHOF, 1998, p. 193).

Vejamos como Bergson entende a alma:

Apreendemos algo que se estende muito mais longe que o corpo por todos os lados e que  cria atos ao se criar continuamente a si mesmo, é o “eu”, é a “alma”, é o “espírito” – o espírito sendo precisamente uma força que pode tirar de si mesmo mais do que contém, devolver mais do que recebe, dar mais do que possui. Eis o que cremos (BERGSON, 1979e. p.84.)

Parece-nos claro que Bergson, diferentemente das ciências, acredita na existência de uma alma autônoma em relação ao corpo, e que o ultrapassa, transcendendo-o não somente no espaço, mas também no tempo. E isto não é uma afirmação ao acaso ou puramente religiosa ou ainda desprovida de rigor científico; pelo contrário, ele chega a esta conclusão em oposição ao “aprisionamento no presente” e na circunscrição do espaço a que está submetida a matéria, podendo, conseqüentemente, ser previsto, limitado e dominado. Mas, contrariamente, o que experienciamos nas profundezas do nosso eu é “indubitavelmente que nos sentimos livres, que tal é a nossa impressão [...] àqueles que sustentam que este sentimento é ilusório, incumbe, pois, a obrigação da prova” (BERGSON, 1979e. p.86).

O que é o homem? Bergson, diferentemente de uma visão materialista, entendia que o homem possui, além de um corpo, uma dimensão espiritual. Para ele, a vida não se resume “ao vai-e-vem das moléculas cerebrais”. Essa forma “bergsoniana” de conceber o homem ou qualquer outra resposta dessa pergunta ontológica refletirá, indiscutivelmente, nas decisões éticas[iii].


[i] Considerando que a alma bergsoniana é a própria consciência, evidentemente, este pensamento não tem sustentação nas ciências positivas. Os avanços científicos demonstram uma crescente tendência de vinculação da consciência ao cérebro. Negar essa verdade científica, em última análise, é negar a própria razão, segundo  DELNERO, Henrique Schutzer. O sítio da mente: pensamento e vontade no cérebro humano. São Paulo: Collegium Cognitio, 1997. p. 18: “Em não se reconhecendo gerada no sítio cerebral, a mente nega a ciência; nega o desvio e seu tratamento; nega a ética nas relações entre seres biológicos e, finalmente, nega a razão. Resgatar uma noção científica da mente, definindo-lhe o local, a função, o desvio e a reunião em grupo pode nos guiar na síntese de uma nova teoria da vida individual e na visão mais clara de certos impasses coletivos”. A ciência não só vincula a consciência ao cérebro, mas identifica áreas específicas para funções específicas, como afirma  MACHADO. Ângelo. Neuroanatomia funcional. São Paulo: Atheneu, 2004. p. 275: “Durante muito tempo acreditou-se que os fenômenos emocionais estariam na dependência de todo o cérebro. Coube a Hess, prêmio Nobel de medicina, demonstrar que esses fenômenos estão relacionados com áreas específicas do cérebro”. Ainda sobre essas áreas específicas do cérebro, afirma BEAUPORT, Elained. A inteligência emocional: as três faces da mente. Trad. de Marly Winckler. Brasília: 1997. p. 21:  “o cérebro é composto de três estruturas diferentes, que desempenham três funções distintas: o sistema neocortical do pensamento e da imaginação; o sistema límbico, localizado abaixo do neocórtex, que nos permite desejar e sentir e, abaixo desses dois, uma estrutura tríplice complexa, relacionada com o comportamento”. Com relação à memória, vinculada, por Bergson, especificamente à alma, à consciência, a ciência vincula, de forma clara, ao cérebro, conforme DELNERO, 1997, p. 207: “Outros elementos que devem estar relacionados à memória no cérebro humano são os moduladores de ação sináptica (hormônios, neuromoduladores). Da mesma forma que algumas drogas apagam ou prejudicam a memória (como o álcool), também algumas “substâncias” internas podem amplificá-la e gerar eventos que colaboram nas alterações de estrutura que subjazem a ela”.  Deve-se salientar também, que a ciência pós-moderna caminha, muitas vezes, em direção contrária ao paradigma científico tradicional, como afirma MORAES, Maria Cândida. Pensamento eco-sistêmico: educação, aprendizagem e cidadania no século XXI. Petrópolis: Vozes, 2004. p. 309: “De uma sociedade mecanicista, compartimentada e reducionista, na qual prevalecia a objetividade, estamos caminhando em direção ao reconhecimento da multidimensionalide do ser humano e da complexidade que envolve a realidade individual coletiva e ecológica. A ciência pós-moderna está ressuscitando o ser sensível, enterrado pela ciência tradicional, e reconhecendo  multidimensionalidade e complexidade dos processos da vida. É o que a nova biologia e a física quântica nos sinalizam. O avanço da ciência não apenas está desenterrando as dimensões subjetivas do ser humano, ignoradas e negadas pelo paradigma tradicional, mas também ressuscitando a natureza, o cosmo e o sagrado, e reconhecendo emoções e os sentimentos como co-construtores da racionalidade humana. Esta nova consciência que emerge vem promovendo uma nova maneira de perceber a realidade e a própria dinâmica da vida”. Nesse mesmo sentido, comenta TEIXEIRA, João de Fernandes. Filosofia e ciência cognitiva. Petrópolis: Vozes, 2004. p. 105-107 e 118: “A filosofia da mente foi fortemente abalada pelo advento da ciência cognitiva, que estabeleceu a possibilidade de fundarmos uma ciência dos fenômenos mentais, deixando para trás meras especulações. No século XX tornamo-nos quase todos materialistas, enfrentando agora a difícil  tarefa de relacionar as propriedades da mente com as do cérebro ou com as de outros dispositivos materiais [...]. O neurocientista parece ter se tornado um partidário do chamado materialismo eliminativo [...] não precisaríamos mais falar de intenções, crenças ou desejos, mas apenas de partes do nosso cérebro [...]. Devemos abandonar o projeto de construir uma ciência do cérebro? Com certeza não [...] o que deve ser abandonado, contudo, é a ingenuidade filosófica dos neurocientístas. A ciência do cérebro deve ser uma ciência de como nós representamos nosso cérebro. Não se trata de uma circularidade fútil, mas a recognição de que questões epistemológicas não podem ser ignoradas por aqueles que praticam a neurociência seriamente [...] Bergson é radical: o cérebro consegue mimetizar o processo da consciência de forma limitada e a prova disso é a insuficiência da linguagem ao expressar a intuição, sendo sempre incompleta e frustrante”.
[ii] Sobre sua origem judaica, em BERGSON, 1979i., p. 6, está registrado: “Na fase final de sua vida e de sua obra, Bergson manifestou crescente aproximação da doutrina cristã. Sua origem judaica, entretanto, parece tê-lo impedido de converter-se publicamente ao catolicismo, não desejando abandonar seu povo num momento em que este vivia entre ameaças e perseguições”.
[iii] Em 31/03/2005 o mundo noticiou a Eutanásia da norte-americana Terri  Schiavo, que teve os aparelhos e tubos de alimentação que a mantinham “viva”, subitamente, retirados em 19/03/2005. Por seu cérebro não mais responder a certos estímulos, foi considerada em estado vegetativo, mesmo não sendo possível saber exatamente como ela percepcionava certas sensações. Esta importante decisão, no campo da bioética, resultou em intenso debate sobre a questão outrora abordada por Bergson: É a consciência apenas um produto do cérebro ou pode existir independentemente deste? Mesmo com o avançado estado atual da ciência, decisões como estas, tendem a causar muita polêmica, havendo discordância, inclusive, entre os próprios especialistas.  Para saber mais, acessar o seguinte endereço eletrônico: http://forum.cifraclub.terra.com.br/forum/11/83964. 

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