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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

AVIVAMENTO OU REAVIVAMENTO? O QUE PRECISAMOS, DE FATO?

1- Dados Históricos de Relevante Proximidade: Muito se tem falado sobre REAVIVAMENTO. Congressos e encontros são realizados em diversas partes do país e do mundo, muito dinheiro tem sido investido para alertar aos crentes e às igrejas da “imensa” necessidade de que haja esse tão almejado AVIVAMENTO. Igrejas têm sido formadas depois de uma “visita” especial de Deus em seu seio. Mas, temos que concordar que alguns anos atrás esse apelo era muito mais intenso, principalmente entre as igrejas presbiterianas. Só para termos uma idéia, existia uma comissão especial, criada pelo Supremo Concílio da IPB, da qual fazia parte o Rev. Josafá Vasconcelos, hoje um dos mais atuantes membros do projeto Os Puritanos, para levar a mensagem AVIVALISTA às igrejas Presbiterianas por todo o Brasil.

2- Definição e outras informações preliminares: Antes de abordarmos tema tão controverso, vamos colher algumas definições acerca do que realmente vem a ser REAVIVAMENTO ou AVIVAMENTO:

2.1- A Revista Ultimato em sua edição de número 266, traz a seguinte definição: “REAVIVAMENTO é aquele CURTO período de tempo em que o Espírito Santo de Deus atua maciçamente no meio de um grupo de crentes de um determinado lugar, levando-o a buscar a Deus de forma intensa, deixando de lado a rotina, a frieza e a inércia. O AVIVAMENTO em si pode durar pouco tempo, mas os efeitos que ele produz podem durar muito tempo”.

2.2- Uma outra definição interessante iremos encontrar no livro de J.J PACKER, Entre os Gigantes de Deus (pg.34): Defino, diz ele, “REAVIVAMENTO como uma obra de Deus, por meio do seu Espírito, através de sua palavra, que traz os espiritualmente mortos a uma fé viva em Cristo renovando a vida interior dos crentes negligentes e apáticos. Em um REAVIVAMENTO Deus renova coisas antigas, conferindo um poder novo à lei e ao evangelho, bem como um renovado despertamento espiritual àqueles cujos corações e consciências tenham estado cegos, endurecidos e frios. Isso posto um REAVIVAMENTO ANIMA ou REANIMA as igrejas cristãs”

2.3- Temos ainda uma terceira definição, desta feita de Stegen, autor do famoso livro AVIVAMENTO na África do Sul (Editora clássicos evangélicos, 1991) diz ele: “...AVIVAMENTO é o transbordar natural de uma vida de acordo com as escrituras”. Isto depois de fazer a seguinte afirmação: “Estou convencido de que é desnecessário orar por AVIVAMENTO”. O REAVIVAMENTO acontece na vida do crente ou da igreja geralmente depois de um período de esfriamento espiritual, o que leva geralmente à decadência moral, a perigosas concessões, ao liberalismo teológico, à destronização de Cristo dos púlpitos, a uma liturgia fria e automatizada e, finalmente, como se não bastasse, a perda total do primeiro amor. Assim tem constatado os estudiosos do assunto.

3- Principais fatos convencionados como Reavivamento:

3.1- Reavivamento trazido pela Reforma Protestante
3.2- Reavivamento Morávio;
3.3- Reavimanento do Século XVIII (João Wesley e Jorge Whitefild)
3.4- Reavivamentos das colônia americanas entre 1725 e 1760 (Jonatas Edwards/Puritanos)
3.5- Reavivamento do século XIX (Charles Finney)
3.6- Reavivamento da Rua Azuzza, em 1906 (berço do pentecostalismo)

4- Principais características encontradas naquilo que tem sido comumente aceito como Reavivamento: Um fato digno de nota é que, segundo os estudiosos do tema, depois de comparar os vários períodos de AVIVAMENTO, existem algumas características que estiveram presentes em todos eles, que são por sua vez listadas quase que unanimemente:

4.1- Profunda Consciência de pecado. Conta-se que o período denominado por alguns como “avivamento puritano”, depois da famosa pregação de Jônatas Edwards, “pecadores nas mãos de um Deus irado”, as pessoas agarravam-se às colunas do templo, tal era a consciência do pecado;

4.2- A recuperação das Escrituras como única regra de fé e prática e de sua autoridade;

4.3- Volta-se a acreditar na salvação única e exclusivamente pela graça de Deus;

4.4- Existe uma espécie de recondução de Cristo ao trono dos corações dos crentes e aos púlpitos das igrejas;

4.5- Os crentes se animam e pregam com intrepidez a palavra;

4.6- A igreja cresce em quantidade e qualidade. Outro fato de consenso entre os estudiosos, e que não podemos deixar de destacar é que “...Nenhum homem pode programar um REAVIAMENTO, por que só Deus é DOADOR DA VIDA” (F.Carton Booth, em dicionário de Teologia, pg.76).


5- Repensando a necessidade de Reavivamento, ou será Avivamento? 

Depois de termos uma visão geral do que se tem ensinado sobre o que é um REAVIVAMENTO, os momentos que o antecedem, quais suas conseqüências e com quem aconteceu, creio que é hora de pararmos para pensar sobre esta “eminente necessidade sugerida pelo senso comum evangélico” de ter as igrejas e os crentes individualmente de passar por um AVIVAMENTO.

A propósito, nos vem uma pergunta que não quer calar: Eu como crente e minha igreja, precisamos passar por um REAVIVAMENTO ou por um AVIVAMENTO? É interessante notar que essas duas palavras, apesar de significarem coisas distintas (caso contrário não existiriam duas e sim uma palavra, além de outras implicações linguísticas) têm sido usadas como sinônimas, para designar o mesmo fato, vejamos alguns exemplos:

 Observe a definição de REAVIVAMENTO da Revista Ultimato (Edição Nº 266), transcrita literalmente no item 2.1: Começa falando de REAVIVAMENTO e termina falando de AVIVAMENTO.

 Algo semelhante acontece também na definição de J.J.Packer, transcrita literalmente no item 2.2: Ao definir REAVIVAMENTO ele afirma que é provocada uma ANIMAÇÃO ( melhor aplicada à palavra AVIVAMENTO) ou uma REANIMAÇÃO (neste caso a palavra está coerentemente aplicada).

 Observe agora a definição do autor do livro AVIVAMENTO na África do Sul (como é mesmo o nome do livro?), transcrita literalmente no item 2.3: A palavra usada é AVIVAMENTO, e em nenhum momento REAVIVAMENTO. Estaria ele falando de um assunto diferente do que trata as definições da revista Ultimato e a do próprio Packer? Claro que não, todos têm a mesma intenção.

 Também fiz questão de usar o mesmo tipo de expediente no item 1. Ora usando o termo REAVIVAMENTO ora AVIVAMENTO, exatamente para provocar nossas mentes.

Afinal de contas, o que quer dizer os termos REAVIVAMENTO e AVIVAMENTO? Qual a ideia que expressam? Antes porém, vamos colocá-los na seqüência correta: AVIVAMENTO E REAVIVAMENTO:

5.1- AVIVAMENTO

É o ato de tornar vivo. A ideia deste termo é muito usada na Bíblia, para designar a mudança de estado espiritual do homem, conforme podemos ver claramente em Efésios 2:1 “Ele vos deu VIDA estando vós MORTOS em vossos delitos e pecados”. Esta mesma ideia está presente em muitos outros textos (Ef 2:2-4; II Tm 2:26; Tt 3:4-7; Col 2:13; Col 1:13; Rm 6:18-22; I Cor 2:14-15; Jô 3:1-15). Esta palavra pode ser aplicada de forma coerente e correta ao homem que outrora estava morto e agora vive, que era natural e agora é espiritual, que era insensato e agora é sensato, e, tudo isto, por meio de uma obra miraculosa de Deus, que através do seu Espírito dá-lhe o poder da vida e com ela todas as suas bênçãos, habilitando-o à santificação e a buscar as coisas do alto, como podemos perceber nesta coletânea de textos sagrados (II Tes 2:13; Rm 6:6-14; Gl 5:24; II Pd 3:13-14; I Jo 5:4-5; II Cor 3:18; Rm 8:33-39; Jo 6:56-57; Ap 22:11; I Ped 1:23-24; II Cor 5:17; Ef 1:5-6). 

5.2- REAVIVAMENTO

É o ato de tornar vivo de novo. O que pressupõe que depois do AVIVAMENTO (no sentido em que foi abordado no item 5.1) dado pelo próprio Deus “Ele vos deu vida” (Ef 2:1), vem a morte novamente e daí a necessidade de um RE-AVIVAMENTO (um Avivamento outra vez), ou seja, uma NOVA ação de Deus para, mais uma vez, dar vida ao homem (talvez a porção de vida dada anteriormente não tenha sido suficiente). 

Observe este relato de REAVIVAMENTO registrado, pasmem, nas páginas do Jornal Os Puritanos Nº 05 de 1993: “Observou-se um menino profundamente impactado. O professor que era cristão...mandou o pequeno garoto ir para casa e buscar ao Senhor em particular...no caminho viram uma casa vazia e entraram para orar juntos...sentiu sua alma ser abençoada com uma paz sagrada... regozijando-se nesta NOVA e ESTRANHA BENÇÃO”

Se é este REAVIVAMENTO que buscamos, e parece que é, até porque todos os registros de REAVIVAMENTO, trazem relatos dessa natureza, então estamos fazendo coro com a doutrina Pentecostal da segunda benção, ou seja, a pessoa aceita a cristo (primeira benção) e depois recebe o batismo com o Espírito Santo (segunda benção). 

Alguns textos têm sido usados também para embasar o apelo reavivalista: Um deles é João 5:21 que trata de Avivamento, no sentido do novo nascimento, torna-se sem sentido empregar como uma nova visita de Deus. Outro texto muito utilizado é Zc 12:10 aponta para a 2ª vinda de Cristo (ver comentário da bíblia vida nova), utilizá-lo no sentido de um reavivamento para nossos dias incorre no perigo de forçar o texto. Sl 85:6 indica vigor físico, além disso onde diz que Deus visitará de forma especial? E, finalmente, Hb 3:2 que aponta para a igreja no NT (ver comentário vida nova). 

Portanto, podemos chegar a conclusão que, com o sentido em usam a palavra REAVIVAMENTO, como uma “visitação” do Espírito Santo, como afirma Packer na sua obra Entre os Gigantes de Deus, pg .35, não encontramos na Bíblia, com exceção dos primeiros capítulos de Atos. De fato, ali, as pessoas já haviam se convertido, já seguiam a Jesus e, agora, recebiam o Espírito Santo. Aqui sim, podemos até usar a palavra REAVIVAMENTO coerentemente, como uma visitação especial de Deus, aqui e tão somente aqui, se realmente fazemos questão de utilizá-la a qualquer custo. 

A grande parte dos teólogos reformados são unânimes em afirmar que o Batismo da Igreja foi um fato único e de uma vez para sempre, notem: “batismo sobre a representação da igreja, não sobre indivíduos, de forma particular”. 

No NT, a partir de Atos, o Espírito vem sobre a vida das pessoas no exato momento (ou processo) de sua conversão (Ef 1:13-14; Jo 16:8). Agora uma questão para pensar e responder: No NT (não quero saber de experiências pessoais), em que outra passagem, além de Atos, vemos alguma manifestação, ao menos similar, espetacular do Espírito de Deus como a acontecida no dia de pentecostes? Com muita boa vontade, o único correlato que encontramos para a “idéia” da palavra REAVIVAMETO na bíblia é a palavra RESSURREIÇÃO, que assim como aquela, traz a idéia de fazer viver de novo, embora a aplicação esteja distante de ser a mesma.

6- Fechando a questão:

Chegou o momento de nossa reflexão que temos que optar. Daqui não poderemos passar sem descer do muro e escolher o que a igreja e os crentes precisam, ou o que todos dizem que todos precisam. Temos duas opções:


a) Precisamos de AVIVAMENTO;
b) Precisamos de REAVIVAMENTO;

Devemos contudo alertar para o fato de que ao fazermos nossa opção, estamos assumindo também todos as suas implicações, ônus e Bônus. a) Se respondemos que precisamos de AVIVAMENTO, então temos que admitir que ainda estamos “mortos em nossos delitos e pecados” e que Jesus ainda não nos deu vida, pois AVIVAR é fazer viver, ou seja, ainda não nascemos de novo e, conseqüentemente, não somos salvos. b) Se por outro lado, respondemos que precisamos de um REAVIVAMENTO (novo avivamento) teremos que admitir que a vida outorgada a nós por Jesus, no ato de sua morte, não foi suficiente, e que seu brado “está consumado”(Jo 19:30) foi um mero grito de desespero e ainda nos falta algo.

E o que diríamos então da afirmação de Jesus em Jo 10:10? E ainda do profeta Isaías em Is 53:11 (que satisfação haveria?). Talvez o sacrifício de Cristo não tenha sido tão suficiente assim como afirmam as escrituras! Ou, quem sabe, a sua obra vicária tenha sido somente para disponibilizar a salvação e suas bênçãos decorrentes (como a vida em abundância por exemplo) para quem quiser usufruir (mas só para quem quiser), ou ainda para aqueles que estão buscando um REAVIVAMENTO. Esta ideia RE-A-VIVAMENTO é definitivamente tão estranha às escrituras quanto pode ser.

7- O que precisamos então?

“Não precisamos de REAVIVAMENTO”. Exatamente porque o AVIVAMENTO que foi operado em nós foi SUFICIENTE e PERFEITO. “Se precisamos de REAVIVAMENTO para termos uma profunda consciência do pecado, para crer nas Escrituras como única e suficiente regra de fé e prática, para acreditar que a salvação é só pela graça e fé em Jesus, para abdicar das paixões mundanas, para pregar o evangelho e para obedecer aos princípios morais das escrituras, isto pode ser um grave sintoma de que o que na verdade precisamos é do AVIVAMENTO, do NOVO NASCIMENTO, DE CONVERSÃO.

Deus só “visitou” os homens de forma “espetacular” (no emprego teológico da palavra) por três vezes: No Éden (Gêneses 3:8-19); na 1ª vinda do Messias (Lc 2:6-11), com o Batismo da Igreja (Atos 2) e se manifestará a quarta vez na 2ª vinda gloriosa de Cristo (Mt 24:27).

Observemos agora o texto de Lucas 16:19-31. O que o rico do texto pede acaso não é o que todos pedem hoje, uma “visitação particular” e espetacular de Deus? A resposta negativa ao seu pedido responderá exatamente nossa pergunta inicial (o que precisamos então?) ”Eles têm a Lei e os Profetas ouçam-no”.

É exatamente isso que precisamos. A palavra de Deus está cheia de textos que nos chamam a uma vida reta e CONSTANTE, a uma vida de santidade. Deus já disse como Quer que vivamos e o que Dele se deve crer, JÁ nos HABILITOU para isto com a VIDA (avivamento), por que haveria Ele de nos “visitar” novamente? Para dizer como deve ser nossa vida? Isso já fez. Para nos habilitar a segui-lo? Isso também já fez (ou será que ainda não?). Nós que já passamos pelo Novo Nascimento (Avivamento), como diz Paulo em I Coríntios 5:17 “Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”, temos condições de, NATURALMENTE, buscar as coisas celestiais (II Ped 1:4, I Ped 1:23 e Jo 3:6). É o que o Apóstolo quer dizer.

8- Qual é o problema então?

Algo errado no ar! Por que tantas pessoas dentro de nossas igrejas vivem uma vida medíocre e longe das escrituras, enquanto suplicam e esperam por um REAVIVAMENTO para consagrá-las? Para mim a resposta é muito clara e objetiva. Se não conseguem seguir a bíblia, entendê-la e nem viver de acordo com os princípios de Deus (não estou aqui falando de uma vida perfeita) é porque ainda não foram AVIVADAS, não passaram pelo Novo Nascimento, pela Conversão, pela Regeneração, e, conseqüentemente, não possuem a vida em abundância, que é a própria vida outorgada no sacrifício de Cristo. Quem, ao contrário, consegue tudo isto, o faz de forma NATURAL, devido à “nova semente de que foi gerado” como uma criança que vai crescendo e aprendendo as coisas, assim se dá também na esfera espiritual. O grande problema é que não queremos enxergar que a maioria dos “pseudos pietistas” precisam é da “PRIMEIRA E ÚNICA BENÇÃO”, a Salvação!

9- O que pensar agora?

O que dizer então dos REAVIVAMENTOS registrados pela história? Invencionices? Antes de responder esta pergunta precisamos saber de um fato muito interessante e que quase nunca é divulgado pelos avivalistas:

O historiador Welliston Walker lembra: “no clima emocional do início do século XIX, insuflados por despertamentos religiosos, também surgiram vários movimentos que representam significativos afastamentos ou distorções do modelo evangélico protestante” (História da Igreja Cristã Vol.2 p.279).

Hoje esses grupos que surgiram de movimentos RE-A-VIVALISTAS, representam um iminente perigo para a verdadeira fé evangélica. Entre eles, as conhecidas seitas: Testemunha de Jeová e Mórmons. Estranho não?!

Agora vamos responder a pergunta inicial: “Eu diria que invencionices não, o que não houve foi REAVIVAMENTO coisa nenhuma (não no sentido empregado, como uma nova visitação de Deus). O que houve simplesmente foi que algumas pessoas (somente aquelas que sinceramente se aproximaram mais das Escrituras Sagradas e nunca aquelas que apresentam sintomas “externos” de uma pseudo-santidade – quanto mais pior), devido a nova semente existente nelas e de forma NATURAL, e por vontade própria (gerada pela natureza da nova semente), passaram a aplicar os princípios escriturísticos em suas vidas.

O que tem de extraordinário nisso? Não é o que Deus nos manda fazer? Lutero, Calvino e tantos outros (canais do “Reavivamento” da Reforma protestante), simplesmente leram as escrituras e aplicaram às suas vidas. Só isso. Não receberam nenhuma visitação especial de Deus. Os puritanos, não buscavam também, como lhes é atribuído, o REAVIVAMENTO, como admite o próprio Packer em sua obra: Entre os Gigantes de Deus pg.36 “[...]os Puritanos não usavam o termo técnico REAVIVAMENTO para expressar aquilo que procuravam, mas expressavam seus objetivos totalmente no vocábulo REFORMA”. Não usavam porque não buscavam o que querem, hoje, que tenham buscado. O que buscavam era tão somente obedecer a bíblia.

As pessoas hoje se admiram das mudanças provocadas naquelas épocas e atribuem isso a uma visitação de Deus, ou seja, Ele “visita” e as pessoas passam a obedecer a bíblia e as mudanças acontecem. Esta ordem está errada. O correto e como de fato aconteceu e os historiadores não gostam muito de contar é: Eles OBEDECERAM a bíblia e suas vidas modificaram, aliás, como deve ser, NATURALMENTE.

Por fim, se começarmos a viver de acordo com os princípios bíblicos (e já os conhecemos), se dedicarmos maior atenção a eles, se deixarmos a mentira, a avareza, a prostituição e todas as demais obras da carne, que tão bem conhecemos, e as substituirmos pelos Frutos do Espírito (e já somos HABILITADOS para isso), como a BÍBLIA nos exorta exaustivamente e pararmos de ficar olhando para as nuvens esperando uma visita “extraordinária” de Deus (e isto não ocorrerá! A não ser na 2º vinda de Cristo), nossas vidas, nossas igrejas, nossos Bairros, nossas cidades e nosso País, certamente serão “visivelmente” melhores e provavelmente também faremos parte dos escritos desses “homens de Deus” que escrevem sobre estes "supostos" RE-A-VIVAMENTOS.

Obs: Esse artigo foi publicado originalmente no site da IPB, em 04/04/05. Lembrei dele e resolvi publicar aqui no blog também. Ainda não fiz nenhuma revisão, nem de conteúdo nem de possíveis erros ortográficos e gramaticais.

sábado, 9 de janeiro de 2010

ARCA DE NOÉ, DEPRAVAÇÃO TOTAL DO HOMEM, A SOBERANIA E A GRAÇA DE DEUS

É comum ouvir-se dizer: "no Velho Testamento era o tempo da Lei, hoje vivemos no tempo da graça". Bem, essa é apenas uma parte da verdade, mas não ela toda. Essa expressão denota, equivocadamente, que a graça de Deus começou a atuar apenas no Novo Testamento. Pressupõe até mesmo que a salvação no VT ocorria pelo cumprimento ou não da Lei. O epsódio do dilúvio depõe contra esse pensamento. Nessa cena, algo que chama bastante atenção é a Depravação Total do homem, fruto da perda do "livre arbítrio" pela escolha que, em Adão, fez. Observe bem os textos: "Viu o SENHOR que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração [...]. Viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque todo ser vivente havia corrompido o seu caminho na terra" (Gêneses 6:5, 12). Assim somos, naturalmente, ainda hoje, Totalmente Depravados, no sentido se sermos rebeldes contra o Criador. Naturalmente tendemos a afastar-nos de Deus em direção ao mal e já assim nascemos. Quer uma prova disso? Você precisa ensinar algo errado para seu filho? Claro que não! Ele já sabe, por menor que seja; está em suas entranhas e ao entrar em contato com o mal, ele identifica-se; há perfeita sintonia. Ele é "nascido escravo" e só o sangue do Cordeiro de Deus pode modificar essa situação. Assim era no tempo de Noé, assim é no nosso tempo. Mas, ao lado da situação do homem, refém de sua própria "escolha livre", está a Soberania de Deus. Soberania esta presente na própria concessão desse "livre direito de escolha" do homem. Deus quis que fosse assim; Ele quis que o homem fosse totalmente livre, "não pendendo nem para o bem nem para o mal" (para saber mais sobre esse assunto recomendo a leitura de nosso artigo "Soberania de Deus e Liberdade Humana", no seguinte endereço:
http://presbiterianoscalvinistas.blogspot.com/2008/09/soberania-de-deus-e-liberdade-humana-na.html). A soberania de Deus revela-se também pelo direito que só ele tem de dispor de quantas vidas julgar necessário ou mesmo que não julgue "necessário". Afinal, quem criou o homem? Deus, exercendo seu livre e soberano direito de criar. Não precisava, mas quis criar. E criou dessa maneira e não de outra. Ora, podendo criar livremente, pode também matar livremente, não precisando, para isto, dar satisfação a ninguém, assim como não precisou ao criá-lo. Veja o que diz o texto: "Disse o SENHOR: Farei desaparecer da face da terra o homem que criei, o homem e o animal, os répteis e as aves dos céus; porque me arrependo de os haver feito [...]. Porque estou para derramar águas em dilúvio sobre a terra para consumir toda carne em que há fôlego de vida debaixo dos céus; tudo o que há na terra perecerá [...]. Então, disse Deus a Noé: Resolvi dar cabo de toda carne, porque a terra está cheia da violência dos homens; eis que os farei perecer juntamente com a terra (Gêneses 6:7,13,17) ". Assim quis, assim fez. É assim que age um Ser Soberano, veja: "Pereceu toda carne que se movia sobre a terra, tanto de ave como de animais domésticos e animais selváticos, e de todos os enxames de criaturas que povoam a terra, e todo homem [...]. Tudo o que tinha fôlego de vida em suas narinas, tudo o que havia em terra seca, morreu. [...]. Assim, foram exterminados todos os seres que havia sobre a face da terra; o homem e o animal, os répteis e as aves dos céus foram extintos da terra; ficou somente Noé e os que com ele estavam na arca" (Gêneses 7:21-23). Como todos sabem, após cento e cinquenta dias (Gêneses 7:24), as águas do dilúvio baixaram e a terra ficou seca novamente, com direito a juramento daquele que faz o que quer. Que mata (todos os seres vivos) e que deixa viver (os que entraram na arca). Veja: "Estabeleço a minha aliança convosco: não será mais destruída toda carne por águas de dilúvio, nem mais haverá dilúvio para destruir a terra" (Gêneses 9:11). A questão agora é: O que levou Deus a fazer esse juramento? O fato do homem ter aprendido a lição? O holocáusto de Moisés? Certamente que não. Nada mudou no homem, pois o dilúvio não foi capaz de mortificar a semente pecaminosa instalada no coração do homem. Ela estava lá, o tempo todo dentro da arca, caso contrário a nova geração não mais viveria em rebelião contra o Criador de tudo e de todos. O interessante é que Deus sempre soube disso. Veja o que Ele diz logo depois que Noé e os outros saíram da arca: "Não tornarei a amaldiçoar a terra por causa do homem, porque é mau o desígnio íntimo do homem desde a sua mocidade; nem tornarei a ferir todo vivente, como fiz" (Gêneses 8:21). Isso certamente incluía Noé, que só não pereceu também porque "achou graça diante do SENHOR" (Gêneses 6:8). O que levou, então, Deus a prometer solenemente que não mais destruiria a "carne" por dilúvio? Sua Graça, respondemos. Somente sua Graça. Ora, o homem ainda continuava sendo merecedor da destruição, nada mudou. Deus, de forma graciosa, resolveu poupá-lo de outra catástrofe semelhante. A própria arca, tipo de Cristo, é sinal de sua Graça bendita. É graça no começo, é graça no meio e é graça no fim. Graça: único remédio possível para o homem, que é o mesmo, antes do dilúvio e depois dele.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

PENTECOSTAL X CALVINISTA. QUEM TEM MAIS FÉ PARA PASSAR NO VESTIBULAR?

Esses dias, vendo várias notícias acerca dos vestibulares por todo Brasil, fiquei lembrando de um testemunho que ouvi, há muitos anos atrás. Ao lembrar, comecei a fazer uma retrospectiva da minha vida como estudante, e agora como professor, e não pude deixar de fazer uma série de associações. Muita coisa que vi, só agora consegui entender, depois de algumas leituras sobre o que irei expor brevemente a seguir.

Por enquanto, voltemos ao vestibular. A tensão pré-vestibular pode ser visivelmente percebida; está estampada nos rostos dos vestibulandos. Mas, o jovem “crente” tem uma importante aliada - que os outros não têm – na conquista da tão sonhada vaga na universidade: a fé. Mas, obviamente, nem todos são iguais: “uns fé de mais”, outros, porém, “fé de menos”. Nesse sentido pergunto: Quem tem mais fé para passar no vestibular? O Pentecostal ou o Calvinista?

O testemunho era o seguinte e servirá de base para ilustrar a “Fé que o Pentecostal tem para passar no vestibular”:

1- Um irmão pentecostal fez sua inscrição no vestibular;
2- Um dia antes do exame, “muito joelho no chão”;
3- O irmão foi dormir tranquilamente, agarrado com o texto “em paz me deito e logo pego no sono”;
4- No dia seguinte – dia do exame vestibular – o irmão acordou tarde; perdeu a hora e pelo avançar do relógio não daria tempo chegar no local da prova;
5- Tristeza total? Decepção? Raiva de si mesmo? Talvez, mas não para esse irmão pentecostal. Afinal ele já havia recebido a confirmação, de um “vaso”, que ele passaria no vestibular;
6- Ele, prontamente, ajoelhando-se, com uma fé descomunal, orou assim: “Senhor, eu já recebi a promessa e repreendo o inimigo que não quer me ver na universidade. O Senhor é o “Deus dos impossíveis”, “se o Senhor é por nós quem será contra nós”? Eu creio na tua promessa”;
7- Finalizada a oração, o irmão deitou-se novamente, mais uma vez agarrando-se ao “em paz me deito e logo pego no sono” (muito embora o sol já brilhasse forte), com uma espécie de “esperança concretizada”, afinal, fé não é “a certeza daquilo que não estamos vendo ainda”?
8- No outro dia, ao lhe perguntarem como foi o vestibular, ele sempre respondia: eu creio que irei passar; tenho a mais absoluta certeza; “Deus não é homem pra falhar”.
9- Finalmente, o resultado: Meus irmãos - dizia o narrador do testemunho -, concluindo aos gritos: “Deus é fiel, Deus é fiel, Deus é fiel” (neste momento “reteté” na igreja, um “ribuliço” só). “Primeiro lugar, quando Deus faz é assim irmãos”; dizia ele euforicamente e pulando sentenciava: “primeiro lugar, passei em primeiro lugar, glórias a Deus, aleluia” (neste momento toda a igreja passa a glorificar a Deus).
10- Não iremos continuar relatando seu comportamento na universidade por motivos óbvios.

Depois que ouvi isso comecei a lembrar de alguns colegas de classe, também pentecostais. Uma delas, “filava” que era uma beleza. Passou o ensino médio todinho filando. Dominava as mais avançadas técnicas de “cola”. No solado do sapato, na borracha, embaixo da longa saia (ela dava o jeito dela pra poder ver a fila) e outras tantas, de fazer inveja a James Bond. Seu palavreado também não era dos mais saudáveis. “Gazear” aula pra namorar era uma constante. Nas provas de recuperação e final era presença garantida. Um testemunho sofrível, eu diria. Mas uma jovem com muita fé, de muita oração. Tudo bem se ela mentiu nas informações pra pedir a isenção da taxa do vestibular, afinal, “a carne é fraca”, “ninguém é perfeito”, “perfeito só Deus”.

Agora vamos falar da “fé que o Calvinista tem para passar no vestibular” (se é que se pode chamar de fé):

1- No ensino médio, apesar de trabalhar o dia inteiro, sempre se esforçou para tirar boas notas;
2- Até dava fila (que também está errado, mas isso denota que a turma o reconhecia como um bom aluno), mas não se permitia filar. Preferia uma nota baixa a “enganar o professor”;
3- Terminou o ensino médio sem ir para a recuperação em nenhuma matéria, afinal estudava muito. Seguia à risca o conselho do velho professor de matemática: “quem estuda mais, brinca mais”; mas não só isso. Tinha clareza de sua responsabilidade e sempre buscava fazer o melhor que podia.
4- Fez sua inscrição no vestibular;
5- Pagou a taxa, mesmo com muita dificuldade financeira. Mentir para ganhar isenção da taxa sequer se nominava em sua mente;
6- Passou um tempo estudando ainda mais, focado no vestibular;
7- No dia do exame acordou muito cedo, pegou o ônibus em direção ao local das provas (cerca de 45 minutos em trânsito livre);
8- Fez as provas e ficou aguardando o resultado;
9- Não passou em “primeiro lugar”, mas passou.
10- Ao receber os cumprimentos, simplesmente dizia: “foi pela misericórdia de Deus mesmo”. Apesar de todo seu esforço sempre creditava as glórias na conta de Deus;
11- Na universidade, se esforçava, dentro de suas limitações, a continuar no mesmo ritmo de sempre.

Isso parece brincadeira? Pode até parecer, mas um sociólogo “ateu” chamado Max Weber explica o comportamento desses dois grupos: Calvinistas e “Pentecostais”. Na verdade, originalmente, Weber faz um paralelo entre Calvinistas e Católicos. Mas, como, na minha opinião, o “Pentecostalismo é mais grave passo de RETORNO AO ROMANISMO, penso que os argumentos de Weber se aplicam tanto a um como a outro. Se quiser saber mais sobre essa nosso “opinião” acesse o link abaixo e fique á vontade para comentar:

http://filosofiacalvinista.blogspot.com/2009/10/o-lado-negativo-da-reforma-protestante.html.

Ainda para obter mais informações sobre essa nossa opinião, assista aos vídeos de nossa participação no Programa Consensus, da TV 14, no link abaixo:

http://filosofiacalvinista.blogspot.com/2009/07/programa-consensus-canal-14.html

Para finalizar, algumas frases de Max Weber, sociólogo ateu (obtidas após comprovação, via metodologia comparativa/dedutiva), que explicam as diferenças já ressaltadas acima:


Dessa forma, coube aos puritanos, que se consideravam eleitos, viver a santificação da vida cotidiana. Pois o caráter sectário – a consciência de ser minoria e a motivação de ser eleito de Deus – fazia de cada membro dessas comunidades não mero adepto do rebanho mas, mas um vocacionado que se dedicava simultaneamente ao aprimoramento ético, intelectual e profissional (WEBER, 1999, p.21).

O Deus de Calvino exigia de seus crentes não boas ações isoladas, mas uma vida de boas ações combinadas em um sistema unificado (WEBER, 1999, p.91).

Mas no curso de seu desenvolvimento, o calvinismo acrescentou algo de positivo a isso tudo, ou seja, a idéia de comprovar a fé do indivíduo pelas atitudes seculares”. - Como sugere inclusive as escrituras a fazer todas as coisas como que para o Senhor (Rm 14:8, Fp 2:3-15) - (WEBER, 1999, p.94).

Consideramos apenas o calvinismo e adotamos a doutrina da predestinação como arcabouço dogmático da moralidade puritana, no sentido de racionalização metódica da conduta ética (WEBER, 1999, p.96).

O efeito da Reforma foi o de aumentar em si mesmo, se comparado à atitude católica, e aumentar de forma poderosamente a ênfase moral e a sanção religiosa em relação ao trabalho secular organizado no âmbito da vocação (WEBER, 1999, p.70).


Tirem suas próprias conclusões e fiquem à vontade para comentar, discordar, acrescentar ou diminuir. Não estou generalizando os fatos ok?

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

KARL MARX, OS FILÓSOFOS DE FRANKFURT E A MENTIRA SOBRE O HEXA DO FLAMENGO

Em linhas gerais, ideologia é um fenômeno complexo que privilegia a aparência das coisas. Ela encobre ou dificulta o conhecimento da realidade, não nos deixando vê-la como é. Marilena Chauí, afirma que “A função principal da ideologia é ocultar e dissimular". Karl Marx, costumava dizer que a Ideologia é um “instrumento de dominação que age através do convencimento, alienando a consciência humana e mascarando a realidade”. Cordi, também abordando esse assunto, afirma que “Semelhantemente a uma máscara, a ideologia encobre o conhecimento, retardando-o, não nos deixando ver a realidade como é de fato".

Outros dois conceitos também serão utilizados para ilustrar o que abordaremos em seguida: Cultura de Massa e Indústria Cultural. Ambos cunhados pelos filósofos da escola de Frankfurt. Chama-se Cultura de Massa toda "cultura" produzida para as massas, veiculada pelos grandes meios de comunicação com o objetivo de criar uma "homogeneidade social", isto é, fazer com que todos pensem exatamente da mesma forma, com objetivos, obviamente, espúrios. O conceito de Indústria Cultural, por sua vez, foi criado para definir a conversão da cultura (informação) em mercadoria, em detrimento da verdade. Significa que o importante é o dinheiro, não a verdade; o importante é a quantidade não a qualidade; o importante é veicular o que dá "ibope" (o que vende), não importando a veracidade da informação.

Recentemente tivemos um caso clássico desses três conceitos abordados. Uma verdadeira auto-denúncia da não idoneidade e da não isenção da imprensa brasileira. Encabeçados pela Rede Globo de Televisão, praticamente à uma só voz, ouvimos daqueles que têm o papel de informar, de apresentar a verdade, de esclarecer: "FLAMENGO HEXA CAMPEÃO BRASILEIRO". Um verdadeiro e assustador desrespeito às instituições democráticas. Que o presidente do Flamengo, no auge da comemoração (ou da dissimulação), grite: "hexa", é aceitável; igualmente da numerosa torcida do Mengão. Mas, da imprensa de um país livre e democrático? Isso é inaceitável. Desrespeitaram a CBF (órgão que regula o futebol Brasileiro), A FIFA e o Sport. Assumiram, de forma escandalosa, um lamentável "bairrismo sulista". Muita gente acreditou nessa manchete que foi "travestida de status de verdade absoluta", pela Rede Globo. Mas isso, absolutamente não corresponde à verdade. O Flamento não é Hexa, é Penta.

Vamos aos fatos, ao que realmente é verdade:

1- A CBF afirma que o Campeão Brasileiro de 1987 é o Sport e não o Flamengo. Veja abaixo o que diz a página oficial da Confederação Brasileira de Futebol ou acesse:
http://www.cbf.com.br/seriea/


2- A FIFA também afirma, categoricamente, que o Flamengo, com a conquista do Brasileiro de 2009 é Penta e não Hexa. Está no site da entidade, para quem quiser ver, é só acessar. Veja abaixo o que diz a página oficial da FIFA ou acesse:
http://www.fifa.com/classicfootball/clubs/club=44132/index.html

3- Onde está a taça tão disputada do Campeonato Brasileiro de 1987? Está com o Flamengo ou com o Sport? Para quem não sabe, está na sede do Sport Club do Recife. Eu mesmo fui investigar e está lá mesmo. Aproveitei e fotografei. Está registrado:

4- Quem representou o Brasil (como campeão Brasileiro) na copa Libertadores da América de 1988? Flamego ou Sport? Sport, claro.
Não se deixem iludir por essa "imprensa viciada". O Sport é o Campeão Brasileiro de fato e de direito, de 1987.
Provavelmente o Flamendo de 87, comandado pelo grande Zico, sairia vitorioso. Era, de fato, um time extraordinário; praticamente imbatível (também sou Flamengo, por causa de Zico). O fato é que o Mengão faltou à grande final (por opção). O regulamento do campeonato previa, desde o início, o cruzamento do campeão e vice do módulo verde (Flamengo e Inter) com o campeão e vice do módulo amarelo (Sport e Guarani). O Mengão simplesmente se recusou a cumprir o regulamento elaborado pela CBF com o aval de todos os clubes, inclusive do próprio Flamengo. Não se muda a regra do jogo no meio do campeonato, menos ainda no final. Se o Mengão não concordava com o regulamento não deveria ter, nem mesmo, iniciado o campeonato. Resultado justo: O Sport entrou em campo, o juiz iniciou a partida, o Sport fez o gol e venceu a partida por W.O (quando o adversário falta ao jogo), recurso igualmente previsto nas regras da competição, conquistando o direito de disputar o título de campeão Brasileiro de 87 com o Guarani (que também venceu o Inter por W.O). Deu Sport na final, como todos já sabem.
Vejam a Rede Globo de Televisão pedindo desculpas pelo erro de não ter relacionado o SPORT entre os Campeões Brasileiros:
A Rede Globo anunciando que, para a CBF (que é o que realmente importa), o campeão Brasileiro de 1987 é o SPORT e não o Flamengo:
Mais uma vez a Rede Globo noticia que, para a CBF, o SPORT é o campeão Brasileiro de 1987.

Para dirimir quaiquer dúvidas, vejo o vídeo abaixo, que demonstra de forma pormenorizada como e porque o SPORT é o campeão Brasileiro de 1987:






quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

CONCURSO "O QUE É O TEMPO"?

PARTICIPE DO CONCURSO DA "MELHOR RESPOSTA" PARA GANHAR O LIVRO "O PROBLEMA DO TEMPO". VOCÊ DEVERÁ RESPONDER ATÉ DIA 27/12/09, QUANDO SERÁ ELEITA A MELHOR RESPOSTA, POR UM JÚRI COMPOSTO POR MIM MESMO RS...

PARA CONCORRER VOCÊ DEVERÁ RESPONDER A SEGUINTE PERGUNTA:

O QUE É O TEMPO?





domingo, 1 de novembro de 2009

EM BUSCA DO ELO PERDIDO. A DOUTRINA QUE LIVROU A REFORMA PROTESTANTE DE TORNAR-SE UM ABORTO HISTÓRICO


Qual a doutrina mais importante para o Protestantismo? Se fizéssemos uma enquete com esse questionamento, entre as mais variadas correntes teológicas do protestantismo, teríamos um inacreditável reduzido número de respostas; pois, em linhas gerais, no que é essencial, a maioria dos protestantes concordam. A doutrina da salvação pela graça, provavelmente, seria a mais votada. Outras doutrinas também receberiam um considerável número de votos, a exemplo das doutrinas da Soberania de Deus, Suficiência das Escrituras e da Contemporaneidade dos Dons. No entanto, no que diz respeito à historicidade do cristianismo protestantes, nenhuma dessas doutrinas, em nossa opinião, é a mais importante. A questão é: qual a apostolicidade das igrejas evangélicas? O que liga – historicamente – os protestantes ao cristianismo primitivo, fundado por Cristo e por seus apóstolos? É legítimo um grupo que não tem essa “raiz histórica” dizer-se igreja legítima de Deus? Os antigos católicos romanos costumavam responder que não. Segundo eles, a Igreja Católica Apostólica Romana foi a “primeira” e “única” igreja fundada por Cristo e pelos Apóstolos. Mas, isso não é verdade? Tirando alguns exageros e o descabido “homicídios da história”, essa afirmação tem algo de verdadeiro sim. A igreja romana não foi a “primeira” nem a “única”, mas, certamente, foi “uma das” igrejas fundadas por Cristo e pelos Apóstolos. Nesse sentido, podemos afirmar: historicamente, é uma igreja apostólica. Desse mal eles não sofrem, diferentemente dos evangélicos. Qual foi o apóstolo que fundou a igreja evangélica? (Claro que não estou aqui me referindo a esses “pseudo-apóstolos dos últimos dias”). Aquele que tem o mínimo de bom senso e que conhece um pouquinho de história tem que reconhecer: as igrejas evangélicas foram criadas à revelia de Cristo e de seus Apóstolos. O protestantismo mais próximo dessa “raiz primitiva” é aquele fruto imediato da Reforma Protestante: Luteranos, Reformados Calvinistas Anglicanos, Reformados Calvinistas Presbiterianos, Batistas (se considerarmos sua origem no movimento Anabatista) e outros reformados. Mas esses renegam completamente essa raiz. Não querem ter nada a ver com ela. Com isso, reconhecem: são outra coisa e não – historicamente – uma igreja legitimamente fundada por Cristo e seus apóstolos. Nosso leitor deve estar pensando: “isso é uma brincadeira; ele vai concluir explicando tudo”. Não é não. Vou repetir: as igrejas evangélicas – todas elas – historicamente, não possuem nenhuma ligação com o cristianismo primitivo, nem com os Apóstolos, nem com Cristo. Mas, há uma doutrina que salva toda essa história; que evitou que os protestantes tivessem se tornado em um “aborto da história”. A doutrina mais importante para os cristãos não católicos (romanos e ortodoxos): a doutrina das duas naturezas da igreja. O Catecismo Maior de Westminster, com grande heroísmo, da pergunta 62 até a pergunta de nº 65, aborda essa importantíssima questão. Diz o catecismo (pergunta 62) que a igreja possui uma dimensão visível – é a igreja visível -, constituída por todos (salvos e não salvos) que professam a “verdadeira religião”. Ora, o que é a verdadeira religião se não aquela fundada e comissionada por Cristo e por seus Apóstolos, com suas marcas? Nesse sentido, os protestantes estariam fora. Contudo, a outra dimensão da igreja, a dimensão espiritual – a igreja invisível – nos trás de volta ao cristianismo autêntico. Vejamos: pergunta 64: “O que é a igreja invisível?” Resposta: “A igreja invisível é o número total dos eleitos que foram, são ou ainda serão reunidos em um só corpo sob Cristo, o cabeça”. Eis a doutrina mais importante do protestantismo. Dela depende estar unido verdadeiramente a Cristo ou não. A idéia de uma igreja invisível (mas real e verdadeira) acaba, por completo, com a necessidade lógica de uma ligação direta, física e histórica com o cristianismo primitivo; com a igreja literal fundada por Cristo e pelos seus Apóstolos (Jerusalém, Roma, etc). Em ultima análise, todos os protestantes verdadeiros e eleitos em Cristo (porque há aqueles que só fazem parte da igreja visível) fazem parte da verdadeira igreja de Cristo: a igreja invisível, aquela constituída apenas pelos eleitos de Deus, em qualquer época, em qualquer lugar, que independe de tempo, espaço e história.

O REFORMADOR AGOSTINHO DE HIPONA E SEUS DISCÍPULOS DO SÉCULO XVI

O Rev.José Roberto, em seu artigo “31 de Outubro: dia da Reforma ou do Hallowenn?”, disponível em www.historiaedebate.blogspot.com, observa de forma muito feliz a injustiça cometida contra os chamados pré-Reformadores. Diz ele: “Não se pode falar da Reforma sem a ligar, inseparavelmente à pessoa do reformador Martinho Lutero. Todavia uma injustiça tem sido cometida e repetida: a falta de consideração para com aqueles que são denominados de pré-reformadores. Pouco são citados e, conseqüentemente, são pouco conhecidos [..] Jhon Wycliff (1328-84). John Huss (1373-1415).

Concordamos plenamente. Se pudéssemos embarcar numa espécie de máquina do tempo e levássemos conosco a imprensa para fazer a cobertura da Reforma Protestante e também convidássemos a todos os pré-reformadores para se fazerem presentes e também a Agostinho, reunindo todos no século XVI, no dia 01/11/1517 – um dia depois da Reforma – para quem a totalidade dos microfones estariam direcionados? Para Lutero, claro. Depois da coletiva de Lutero, a Rede Globo, certamente, faria uma entrevista exclusiva com Calvino, a Band e SBT entrevistariam Wycliff e a Rede TV Huss, ressaltando suas respectivas contribuições para a Reforma. Agostinho, coitado, talvez fosse, rapidamente, entrevistado pelo canal 22, por um repórter de terceira categoria e que o entrevistaria de olho na “máquina do tempo”, para não perder o vôo de volta ao século XXI. A prova disso é que, apesar de ter o devido reconhecimento pelo conjunto de sua obra, não é nada comum o nome de Agostinho figurar em uma série de Palestras sobre a Reforma Protestante.

Isso, de certa forma, pode ser justificado pelo fato de Agostinho estar separado da chamada “Reforma Protestante do Século XVI” por, nada mais nada menos, que 12 séculos. Se Wycliff e Huss, que viveram nos séculos XIV E XV, respectivamente, recebem, em relação à Reforma, apenas uma leve referência como “pré-reformadores”, quanto mais Agostinho que viveu no século IV?

Penso que não devemos entender a “Reforma da Igreja” como sendo um evento pontual do século XVI. “Ecclesia Reformata Et Semper Reformanda Est”! Significa que todas as vezes que a Igreja do Senhor começa a se desviar das Escrituras e alguém luta contra isso; esse, certamente, é um “Reformador”. Nesse sentido, Moisés foi um “Reformador”, Josué foi um “Reformador”, o Rei Josias foi um “Reformador”, Apóstolo Paulo foi um “Reformador”, Agostinho foi um “Reformador”, “Wycliff e Huss” foram “Reformadores” e não pré-reformadores. Lutero talvez tenha sido o menor de todos.

Nosso objetivo nesse breve artigo é muito simples: Demonstrar que sem Agostinho não teria havido a Reforma Protestante do século XVI.

John Piper, em sua excelente obra "O legado da alegria soberana" confirma isso que acabamos de afirmar. Diz ele:

O fato mais marcante a respeito da influência de Agostinho é que ela flui dentro de movimentos religiosos radicais de oposição. A gostinho é aprecisado como um dos maiores pais da Igreja Católica Romana. Contudo, foi ele que "nos deu a Reforma " - não somente pelo fato de "Luterio ser monge agostinianiano ou de Calvino ter citado Agostinho mais que qualqueer outro teólogo (...) [mas, porque] a Reforma testemnunhou o triunfo final da doutrina da graça de Agostinho sobre o legado da vosão do homem do ponto de vista Pelagiano (PIPER, 2005, p.45).

E ainda:

A experiência da graça de Deus na sua própria conversão determinou a trajetória de sua teologia da graça, que o levou ao conflito com Pelágio e o fez a fonte da Reforma uns mil anos mais tarde (PIPER, 2005, p.55)

QUEM FOI AGOSTINHO

Aurelius Augustinus, mais conhecido como Santo Agostinho, nasceu em Tagaste, província da Numída, atual Argélia, em 13 de novembro de 354. Seu pai era um pagão, de nome Patrício e sua mãe, Mônica, era uma mulher extremamente piedosa que orava constantemente pela conversão do seu filho, o que só ocorreu aos 32 anos de idade, portanto, em 386, após uma vida completamente desregrada e uma longa passagem por uma seita chamada maniqueísmo. Agostinho relatou, em suas confissões, o último diálogo que teve com sua mãe, após uma longa viagem: “o mundo, com todos os seus prazeres, perdia para nós todo valor e minha mãe me disse: “Meu filho, nada mais me atrai nesta vida [...] Deus me satisfez amplamente, porque te vejo desprezar a felicidade terrena para servi-lo”. Foi batizado por Ambrósio em 387; em 391 (A igreja dessa época já havia começado seu processo de centralização do poder dos bispos, mas ainda não era uma igreja com as configurações “Católicas Romanas”, o que só vai ocorrer no século V, com a chamada pretensão petrina) ordenado sacerdote em Hipona (África do Norte) e em 396 tornou-se bispo dessa mesma cidade. Suas principais obras são: Confissões (400), A graça – dois volumes – uma refutação contra os Pelagianos (412-430), e um tratado contra os pagãos – A cidade de Deus (413-426), morreu em 430.

INFLUÊNCIA DE AGOSTINHO SOBRE OS DOIS MAIORES ÍCONES DA REFORMA PROTESTANTE DO SÉCULO XVI

A influência de Agostinho e seu legado sobre os reformadores é algo inegável e exaustivamente já explorado. Como sabemos, muitos fatores contribuíram para a Reforma Protestante – como o Renascimento, por exemplo - mas, nenhum deles foi tão decisivo quanto o contato que tiveram com a obra de Agostinho, o que nos permite afirmar que Agostinho foi responsável direto pelo que aconteceu no século XVI.

A influência de Agostinho sobre Lutero

O fato de ser Lutero um monge da ordem Agostiniana já dispensaria, por si só, a necessidade de tecer outros maiores comentários. Sobre essa influência, Sprool chega a fazer a seguinte afirmação: “A influência de Agostinho sobre Lutero é um assunto digno de registro. No relato de Lutero de sua famosa “experiência da torre”, quando despertou para o evangelho da justificação somente pela fé, ele disse que essa experiência teve como gatilho a leitura de um comentário escrito por Agostinho, séculos antes em relação à justiça de Deus em Romanos 1 [...] Agostinho é considerado como o maior teólogo do primeiro século da história, se não de todos os tempos” (ao dizer isso, Sprool reconhece a superioridade de Agostinho em relação a Lutero e outros reformadores).

Uma das mais conhecidas obras de Lutero, Nascido Escravo, tem traços agostinianos tão marcantes, quanto ao estilo e conteúdo, que dificilmente o leitor que já leu o mínimo de Agostinho não o perceberia nas entrelinhas.

Warfield, chega a dizer que “A grande contribuição que Agostinho deu ao pensamento do mundo (E em especial a Lutero) é personificada na teologia da graça [...]. Essa doutrina da graça veio das mãos de Agostinho com seu esboço positivo completamente formulado”.

A influência de Agostinho sobre Calvino

Assim como em Lutero, a influência exercida por Agostinho em Calvino é algo notório e inquestionável. Sprool chega a dizer que “A pessoa que João Calvino citou mais vezes do que qualquer outro escritor extra-bíblico foi Agostinho”.

Passaremos a verificar agora uma série de citações, retiradas do site http://www.arminianos.com/, que falam sobre a influência de Agostinho em Calvino. Obviamente que, ao fazer isso, esse site tenta diminuir a importância de Calvino, reduzindo-o a um simples plagiador de Agostinho. Agradecemos a contribuição dos irmãos arminianos. Claro que Calvino desenvolve seu próprio ministério e também deixou um maravilhoso legado para o mundo. Mas, qual o problema se ele tivesse apenas dito o que Agostinho disse? Ora, o que Agostinho disse foi o que Paulo disse, logo, todos fazem côro com as Escrituras Sagradas:

Agostinho foi tão vigorosamente calvinista, que João Calvino se referia a si mesmo como um teólogo agostiniano.

Acima de tudo, Calvino considerava seu pensamento como uma exposição fiel das idéias principais de Agostinho de Hipona.


Por toda as Institutas a dívida auto-confessada de Calvino a Agostinho é constantemente aparente.

Ele na verdade incorpora em seu tratamento do homem e da salvação tantas passagens típicas de Agostinho que sua doutrina parece aqui inteiramente contínua com a de seu grande predecessor africano.

Ele empresta de Agostinho pontos de doutrina com ambas as mãos.

Ele fez de Santo Agostinho sua leitura constante, e se sente em iguais condições com ele, cita-o em toda oportunidade, apropria de suas expressões e considera-o como um dos mais valorosos dos aliados em suas controvérsias.

Seja como for, para provar conclusivamente que Calvino era um discípulo de Agostinho, não precisamos olhar além do próprio Calvino. Ninguém consegue ler cinco páginas nas Institutas de Calvino sem ver o nome de Agostinho. Calvino cita Agostinho mais de quatrocentas vezes nas Institutas apenas.

Ele chamou Agostinho por títulos como “homem santo” e “pai santo.” O próprio Calvino até declarou: “Agostinho está tão inteiramente comigo, que se eu quisesse escrever uma confissão de minha fé, eu poderia fazer com toda integridade e satisfação a mim mesmo de seus escritos. De fato, Calvino encerra sua introdução para a última edição de suas Institutas com uma citação de Agostinho.

A SISTEMATIZAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS REFORMADORES COMO PLÁGIO DA OBRA DE AGOSTINHO:

Constantemente os reformadores são acusados de plágio da obra de Agostinho. Spurgeon, não via nenhum problema nisso e ainda por cima assumia tal posição. Diz ele: “A velha verdade que Calvino pregava, que Agostinho pregava, que Paulo pregava, é a verdade que eu tenho que pregar hoje [...]. O evangelho de Jonh Knox é o meu evangelho.

Para finalizar, veremos uma série de citações de Agostinho, sobretudo, sobre sua Antropologia e teologia da graça, com a intenção maior de compararmos e tentarmos fazer um paralelo com os principais documentos reformados, pegando como exemplo, por razões obvias, os símbolos de Westmister.

Agostinho disse:

A natureza do homem foi criada no princípio sem culpa e sem vício. Mas a atual natureza, com a qual todos vêm ao mundo como descendentes de Adão, tem agora necessidade de médico devido a não gozar de saúde. O somo Deus é o criador e autor de todos os bens que ele possui em sua constituição: vida, sentidos e inteligência. O vício, no entanto, que cobre de trevas e enfraquece os bens naturais, a ponto de necessitar de iluminação e de cura, não foi perpetrado pelo seu criador, ao qual não cabe culpa alguma. Sua fonte é o pecado original que foi cometido por livre vontade do homem. Por isso, a natureza sujeita ao castigo atrai com justiça a condenação (GRAÇA, 1999, p.114).

Agora veja o que diz a Confissão de Fé de Westminster:

Deus dotou a vontade do homem de tal liberdade, que ele nem é forçado para o bem ou para o mal, nem a isso é determinado por qualquer necessidade absoluta da sua natureza. O homem, caindo em um estado de pecado, perdeu totalmente todo o poder de vontade quanto a qualquer bem espiritual que acompanhe a salvação, de sorte que um homem natural, inteiramente adverso a esse bem e morto no pecado, é incapaz de, pelo seu pr6prio poder, converter-se ou mesmo preparar-se para isso. Deus dotou a vontade do homem de tal liberdade, que ele nem é forçado para o bem ou para o mal, nem a isso é determinado por qualquer necessidade absoluta da sua natureza. O homem, em seu estado de inocência, tinha a liberdade e o poder de querer e fazer aquilo que é bom e agradável a Deus, mas mudavelmente, de sorte que pudesse decair dessa liberdade e poder (WESTMINSTER, 1996, p.11).

Lutero disse:

Erasmo [...] você assevera que o “livre-arbítrio” é a capacidade que a vontade humana tem, por si mesma, de decidir [...] Os pelagianos também fizeram isso. Mas você os ultrapassa! [...] Prefiro até mesmo o ensinamento de alguns dos antigos filósofos aos seus. Eles diziam que um homem entregue a si mesmo só faria o errado. O homem só poderia escolher o bom com a ajuda da graça divina. Eles diziam que os homens são livres para decair, mas que precisam de ajuda para elevarem-se! Porém, é motivo de riso chamar a isso de “livre-arbítrio”. Com base em tais conceitos, eu poderia afirmar que uma pedra tem “livre-arbítrio”, pois só pode cair, a menos que seja erguida por alguém! O ensino daqueles filósofos, põem, ainda é melhor do que o seu. A sua pedra, Erasmo, pode escolher se sobe ou desce! (LUTERO, 1988, p.41).

Agora veja o que disse Agostinho:

Procuremos entender a vocação própria dos eleitos, os quais não são eleitos porque creram, mas são eleitos para que cheguem a crer. O próprio Senhor revela a existência desta classe de vocação ao dizer: Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi (Jo 15: 16). Pois, se fossem eleitos porque creram, tê-lo-iam escolhido antes ao crer nele e assim merecerem ser eleitos. Evita, porém, esta interpretação aquele que diz: Não fostes vós que me escolhestes. Não há dúvida que eles também o escolheram, quando nele acreditaram. Daí o ter ele dito: Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi, não porque não o escolheram para ser escolhidos, mas para que o escolhessem, ele os escolheu. Isso porque a misericórdia se lhes antecipou (Sl 53:11) segundo a graça, não segundo uma dívida. Portanto, retirou-os do mundo quando ele vivia no mundo, mas já eram eleitos em si mesmos antes da criação do mundo. Esta é a imutável verdade da predestinação da graça. Pois, o que quis dizer o Apóstolo: Nele ele nos escolheu antes da fundação do mundo?(Ef 1:4). Com efeito, se de fato está escrito que Deus soube de antemão os que haveriam de crer, e não que os haveria de fazer que cressem, o Filho fala contra esta presciência ao dizer: Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi. Isto daria a entender que Deus sabia de antemão que eles o escolheriam para merecerem ser escolhidos por ele. Conseqüentemente, foram escolhidos antes da criação do mundo mediante a predestinação na qual Deus sabia de antemão todas as suas futuras obras, mas são retirados do mundo com a vocação com que Deus cumpriu o que predestinou. Pois, o que predestinou, também os chamou com a vocação segundo seu desígnio. Chamou os que predestinou e não a outros; predestinou os que chamou, justificou e glorificou (Rm 8:30) e não a outros com a consecução daquele fim que não tem fim. Portanto, Deus escolheu os crentes, mas para que o sejam e não porque já o eram. Diz o apóstolo Tiago: Não escolheu Deus os pobres em bens deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que o amam? (Tg 2:5). Portanto, ao escolher, fá-los ricos na fé, assim como herdeiros do Reino. Pois, com razão, se diz que Deus escolheu nos que crêem aquilo pelo qual os escolheu para neles realizá-lo. Pergunto: quem ouvir o Senhor, que diz: Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi, terá atrevimento de dizer que os homens têm fé para ser escolhidos, quando a verdade é que são escolhidos para crer? A não ser que se ponham contra a sentença da Verdade e digam que escolheram antes a Cristo aqueles aos quais ele disse: Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi (GRAÇA II, 1999, p.194, 195).

Agora compare com o que diz a Confissão de Fé de Westminster:

Pelo decreto de Deus e para manifestação da sua glória, alguns homens e alguns anjos são predestinados para a vida eterna e outros preordenados para a morte eterna. Esses homens e esses anjos, assim predestinados e preordenados, são particular e imutavelmente designados; o seu número é tão certo e definido, que não pode ser nem aumentado nem diminuído.Segundo o seu eterno e imutável propósito e segundo o santo conselho e beneplácito da sua vontade, Deus antes que fosse o mundo criado, escolheu em Cristo para a glória eterna os homens que são predestinados para a vida; para o louvor da sua gloriosa graça, ele os escolheu de sua mera e livre graça e amor, e não por previsão de fé, ou de boas obras e perseverança nelas, ou de qualquer outra coisa na criatura que a isso o movesse, como condição ou causa. Assim como Deus destinou os eleitos para a glória, assim também, pelo eterno e mui livre propósito da sua vontade, preordenou todos os meios conducentes a esse fim; os que, portanto, são eleitos, achando-se caídos em Adão, são remidos por Cristo, são eficazmente chamados para a fé em Cristo pelo seu Espírito, que opera no tempo devido, são justificados, adotados, santificados e guardados pelo seu poder por meio da fé salvadora. Além dos eleitos não há nenhum outro que seja remido por Cristo, eficazmente chamado, justificado, adotado, santificado e salvo. Segundo o inescrutável conselho da sua própria vontade, pela qual ele concede ou recusa misericórdia, como lhe apraz, para a glória do seu soberano poder sobre as suas criaturas, o resto dos homens, para louvor da sua gloriosa justiça, foi Deus servido não contemplar e ordená-los para a desonra e ira por causa dos seus pecados.

Dá-me a graça [Ó Senhor] para fazer o que ordenas, e ordena-me a fazer o que tu queres! ò Santo Deus [...] quando teus mandamentos são obedecidos, é do Senhor que recebemos o poder de obedecê-los (Confissões).

sábado, 31 de outubro de 2009

O LADO NEGATIVO DA REFORMA PROTESTANTE

Para uma melhor compreensão do artigo abaixo é essencial a leitura do seguinte texto:
II REIS 23:1-14 e 22:8-10.

O texto citado acima “pinta” um quadro surpreendente de como um “povo autêntico” de Deus pode desviar-se de suas veredas. Já aqui temos uma lição importante: Isso pode acontecer conosco também; com nossas igrejas; com nossas vidas. Já aconteceu no passado; o que nos garante que não voltará a acontecer? O livro de II Reis, nos capítulos 22 e 23, nos mostra algo notável e que é “fato-presente” na história de todos os grandes desvios do “povo autêntico de Deus”. De forma sintetizada, a situação era a seguinte:

a) O povo de Deus (permita-me dizer uma igreja), completamente desviada dos seus caminhos: corrompida, misturada, devassa; envolta com toda prática de prostituição e misticismo desenfreado; b) Palavra de Deus esquecida, mais que isso: perdida, abandonada. Ninguém sequer a consultava mais; c) Um homem (Josias) tem a oportunidade de ler essa palavra; cai em si; percebe que não somente ele, mas também todo o “povo de Deus” estava à beira do paganismo, precisamente por ter negligenciado e abandonado as Sagradas Escrituras; d) Esse homem não fica com a palavra de Deus só pra ele, antes, apresenta-a ao povo; e) O povo volta-se para Deus, arrependido. Esse quadro lembra algo? Exatamente o mesmo quadro encontrado no século XVI, por Lutero.

É o mesmo quadro encontrado todas as vezes que o “povo de Deus” deixa de ter a Bíblia como sua ÚNICA regra de Fé e Prática. Infelizmente esse modelo cíclico está acontecendo novamente. Josias, o “Lutero de Israel”, promoveu uma verdadeira REFORMA na “igreja” de Deus. Estamos falando do ano 642 a.C; ou seja, cerca de 2.160 anos antes do movimento que ficou conhecido como a REFORMA PROTESTANTE. Mas, será que poderíamos, à semelhança da metáfora acima, chamar Lutero de “O Josias Protestante”? Lutero, de fato, conseguiu atingir seus objetivos? Lutero conseguiu REFORMAR a igreja que fazia parte? O Rei Josias, diferentemente de Lutero, promoveu a REFORMA da “igreja” que fazia parte. Lutero, em nossa opinião, não teve o mesmo êxito (talvez porque, realmente, não era possível reformar uma igreja tão desviada das escrituras, como se tornou a romana; talvez o estrago já estava muito grande - havendo “perda total” -; ou ainda por algum tipo de inabilidade política, ou, quem sabe, até precipitação).

O fato é que Não houve REFORMA (na igreja do ocidente = Católica apostólica Romana). O que houve na verdade foi uma RUPTURA. Robert Nicolls, em sua História da Igreja Cristã, confirma esse nosso argumento:

"Num debate, no qual fora desafiado por um defensor da igreja, ele declarou, como resultado dos estudos que fizera, que o papa não tinha autoridade divina e que os concílios eclesiásticos não eram infalíveis. Essas afirmações significaram seu ROMPIMENTO DEFINITIVO E IRREVOGÁVEL com a igreja papal" (NICOLLS, 2002, p.159).

Isso nos faz refletir: O que seria melhor? Se a Igreja Romana passasse, de fato, por uma REFORMA (como intentava, a princípio, Lutero) e voltasse às Escrituras ou o ROMPIMENTO (que de fato houve?). Penso que essa RUPTURA abriu caminho para uma série de outras rupturas futuras.

Estima-se que, só em São Paulo, a cada dois dias, é aberta uma nova igreja (regularizada). Igreja para góticos, para metaleiros, para surfistas, e até, pasmem, para gays. A revista Eclésia, em sua edição de Nº 91, publicou uma reportagem sob o título “Igrejas para todos os gostos”, onde lista mais de 70 estranhas igrejas. Confira acessando: http://www.eclesia.com.br/revistadet1.asp?cod_artigos=366.


O “protestantismo” é hoje uma imensa “cocha de retalhos” (alguém pode negar?). E a cada nova RUPTURA a nova igreja resultante se aproxima cada vez mais do ROMANISMO, comprovando a velha tese de repetição cíclica da história. Uma das mais graves RUPTURAS, em nossa opinião, foi a que ocorreu em 1906, em Los Angeles, na famosa rua Azuza, onde teve origem o PENTECOSTALISMO, e, com ele, todas as ramificações neo-pentecostais e neo-renovadas (uma verdadeira RUPTURA com o PROTESTANTISMO HISTÓRICO, tornando-se outra coisa, de fato).

Ao nosso ver, este é o mais grave passo de RETORNO AO ROMANISMO. Aparentemente o pentecostalismo é algo muito distinto do ROMANISMO, mas não é. Basta um rápido olhar para percebermos o gritante retorno:

a) Para os irmãos pentecostais, assim como para os católicos, a palavra de Deus não é a ÚNICA regra de fé e prática. Os Católicos têm nas bulas papais e na tradição o mesmo valor de autoridade das Escrituras. Os irmãos pentecostais, da mesma forma, nas NOVAS REVELAÇÕES; b) O catolicismo ensina um SEMI-PELAGIANISMO, isto é, o homem coopera com Deus na salvação. Os irmãos pentecostais pensam do mesmo jeito, quando não superam esse erro, tornando-se, verdadeiramente, PELAGIANOS; c) O catolicismo ensina Salvação pelas obras. E os irmãos Pentecostais? Exatamente igual: É Cristo e mais cabelo, roupas, calos nos joelhos, etc. d) O que não dizer também do conceito de santidade? É exatamente o mesmo. Há alguma diferença nas vestes dos irmãos pentecostais para as dos SANTOS CATÓLICOS?

Esse é, certamente, o lado negativo da RUPTURA PROTESTANTE. E isso é um grande problema para a igreja de Deus.

Para quem acha que estou exagerando, o cantor João Alexandre, em sua extraordinária música "É proibido pensar", ilustrada de forma feliz no vídeo abaixo, aborda sobre o atual e lastimável estado daquilo que se denomina "igreja evangélica". Não deixe de assistir, vale muito à pena. É uma das melhores músicas dos últimos tempos:

Ainda sobre o lado negativo da Reforma Protestante, aproveite e veja também como estamos (e não tem como negar, os Reformados são considados, nesse sentido, "farinha do mesmo saco", portanto, não adianta fingir que não temos nada a ver com isso. Se realmente não temos, então vamos deixar isso muito claro para todos) sendo ridicularizados, aliás, com toda razão. Esse pessoal do CQC sabe mesmo utilizar a "Maiêutica Socrática", isto é, sabe fazer com que os "crentes" cheguem, eles mesmos, à verdade: são massa de monobra de alguns lobos espertalhões travestidos de ovelhas. Mas, o pior de tudo é que, apesar de saberem disso, eles mesmos pedem: me enganem, por favor! Isso é incrível! Vejam o brilhante CQC "nos" ridicularizando na marcha pra Jesus (pra Jesus?).

Apesar de tudo, no sentido principal, o de trazer a igreja INVISÍVEL de Deus de volta às ESCRITURAS SAGRADAS, podemos afirmar ser LUTERO o “JOSIAS PROTESTANTE”, título que deverá ser repartido com os demais “reformadores”.

FELIZ 31 OUTUBRO, COM MAIS HUSS E MENOS LUTERO


Há 492 anos as “marteladas retumbantes” do monge agostiniano Martinho Lutero puseram fim a um longo e doloroso processo de tentativa de “reforma” da então única igreja cristã do ocidente. A partir do século V, com a chamada “pretensão petrina”, a igreja romana intensificou um verdadeiro processo de afastamento das Sagradas Escrituras. Desde então, muitos se levantaram contra esses desvios e desmandos do clero. Muitos morreram - fato comum aos verdadeiros profetas da verdade -, servindo, alguns, de combustível para as fogueiras romanas. Não é necessário repetirmos quantas vidas foram “doadas” em prol dessa “Reforma”. Mas, o fato é que Lutero, apesar de ter a mesma intenção dos chamados pré-reformadores, isto é, o retorno da igreja ocidental às Escrituras Sagradas - reforma -, não conseguiu, pelo menos no que diz respeito à igreja visível, atingir seu objetivo. Na verdade, o que houve foi uma “ruptura” e a formação de outro grupo religioso e não a intentada reforma da igreja que já existia. As bruscas atitudes de Lutero, em relação a Roma, e suas pesadas “afirmações significaram seu rompimento definitivo e irrevogável com a igreja papal” (NICOLLS, 2002, p.159). Como bem sabemos, mesmo antes do século XVI, a insatisfação com a igreja papal era geral. Protestos e levantes ocorriam em todas as partes do mundo. Isso nos faz levantar as seguintes questões: será que a “Reforma” não ocorreria, naturalmente, dentro da própria igreja romana se não tivesse havido a ruptura Luterana? Será que Lutero não precipitou-se na empolgação dos importantes apoios políticos que recebera? O que diriam os chamados “pré-reformadores” que “doaram” suas vidas para que a igreja fosse “reformada”, se tivessem a oportunidade de saber que não foi isso que ocorreu? O que diria John Huss, queimado em Constança, tendo sido violado o seu salvo-conduto? Se a igreja não foi “reformada”, morri em vão? Devemos aprender com a história. Fala-se muito que a IPB precisa, urgentemente, passar por uma “nova reforma”. Novos “Luteros Presbiterianos”, têm surgido, com o “mesmo martelo na mão”, dispostos, inclusive, a provocarem “novas rupturas”. É isso que queremos? Certamente que não! Não podemos negar que muitos líderes da IPB (e não a IPB) estão, perigosamente, se desviando das verdades escriturísticas, sistematizadas através dos seus símbolos de fé: Confissão e Catecismos de Westminster. Contudo, “atitudes isoladas” - quem sabe motivadas pela cobiça à fama de Lutero – em nada contribuem para a melhoria da IPB como instituição. Por que todos querem ser Lutero e não Huss? Todos que amam as “antigas doutrinas da graça” e que querem a firmeza doutrinária da IPB devem “doar” suas vidas, assim como fez John Huss, em busca desse objetivo e não dar “marteladas” anacrônicas, fixando posturas extremadas que só servem para dividir, torná-los chatos e criar antipatia pelos ideais da reforma protestante.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

ÉTICA X MORAL: conceitos e confusões

ATENÇÃO: Postagem em andamento.

Geralmente há uma confusão muito grande quando o assunto é o binômio Ética X Moral. Muitos falam de moral achando que estão falando de ética e vice-versa. Tentaremos dirimir ou pelo menos diminuir bastante essa dificuldade.

Começaremos conhecendo algumas práticas culturais ao redor do mundo, pois isso será fundamental para um entendimento mais eficaz do assunto. Além de outras fontes, o famoso livro “Culturas e Costumes: uma introdução à antropologia missionária”, nos fornece uma série de fatos que, vistos a partir de nossas lentes culturais, tornam-se ora curiosos e esquisitos ora insuportáveis e impactantes. Passaremos a relatar alguns:

a) Na Tailândia, as mulheres não podem ocupar quartos do primeiro andar do hospital e os homens do térreo. Isso significaria que as mulheres são superiores aos homens – coisa inaceitável naquela cultura. Também naquele país não se pode mostrar a planta dos pés para alguém; isso seria um grande insulto.
b) Na África do Sul uma brasileira poderia levar um susto quando, ao cumprimentar outra mulher, fosse beijada nos lábios. Na Rússia os homens é que se cumprimentam beijando uns aos outros na boca!
c) Para algumas tribos da África é perfeitamente natural o pai ter muitas esposas para poderem ajudar no trabalho, para protegerem o lar contra inimigos e para ajudarem nos projetos da família
d) Esquimós acham muito “natural” emprestar sua esposa para os homens que visitam seus lares. E quem rejeitar tal oferta estará sendo muito mal educado!
e) Em muitas culturas indígenas, o pai de um nenê recém-nascido é que fica de “resguardo”, e não a mãe. Logo que a criança nasce, o pai vai para a rede por três dias, enquanto a mãe continua trabalhando na roça!
f) Os velhos Esquimós são obrigados a se suicidarem ou a pedirem que alguém os mate.
g) Quando alguém assassina um membro da família de um Esquimó, em lugar do morto, a família aceita o próprio assassino como substituto daquele membro morte;
h) Em algumas aldeias dos Leles, na África, há uma mulher para cada dez homens. Ela pode ter relações sexuais com qualquer homem da aldeia, desde que não seja do seu próprio clã.
i) Na África é comum o acusado de crimes passar por testes físicos a fim de provar sua inocência. Muitos são convidados a tomar veneno ou mesmo pegar pedrinhas no fundo de uma panela com olho fervendo. Caso não sofram nenhum dano, é porque eram, de fato, inocentes. Lá também é comum o criminoso ser surrado e é lei, entre os muçulmanos, que o braço direito dos ladrões seja cortado. A forma como isso é feito pode variar de acordo com a localidade, podendo acometer inclusive crianças. Veja algumas imagens sobre isso:

Este vídeo contém cenas fortes. Não recomendado
para crianças ou pessoas sensíveis.

j) Há um povo na Birmânia que não aceita o nascimento de Gêmeos. Quando isso ocorre, eles matam as crianças, expulsa, os pais da aldeia e queimam suas casas e plantações;

l) Em algumas comunidades da África e do oriente médio existe a tradição de se retirar partes dos órgãos sexuais femininos como parte do ritual de passagem da infância para a idade adulta. A extensão do procedimento varia entre diferentes tribos, indo de retirada do clitóris até remoção completa das genitália feminina. A prática é milenar, antecede o islã e o cristianismo. Sua origem é cultural e não medicinal, diferentemente da prática judaica, que tem conotação medicinal também. Os riscos aumentam porque a prática é feita na clandestinidade. Lâmina de barbear, tesoura, faca de cozinha e até pedaços de vidro servem de instrumento de trabalho de parteiras ilegais. Veja um vídeo sobre isso:

Este vídeo contém cenas fortes. Não recomendado
para crianças ou pessoas sensíveis.


m) Muitas tribos brasileiras ainda matam crianças e a Funai nada faz para impedir. O infanticídio é praticado por, no mínimo, treze etnias nacionais. Um dos poucos levantamentos realizados sobre o assunto é da Fundação Nacional de Saúde. Ele contabilizou as crianças mortas entre 2004 e 2006 apenas pelos ianomâmis: foram 201. Mesmo índios mais próximos dos brancos ainda praticam o infanticídio. Os camaiurás, por exemplo, que vivem em Mato Grosso, enterram vivos crianças que nascem com algum tipo de patologia. Essa prática, como já dissemos, é bem mais comum do que imaginamos. Veja um impactante vídeo sobre isso.

Este vídeo contém cenas EXTREMAMENTE fortes.
Não recomendado para crianças ou pessoas sensíveis.


O que pensar sobre todas essas práticas culturais apresentadas? Certamente algumas delas reputamos como ignominiosas, repugnantes e asquerosas. Mas a questão é: até que ponto temos o direito de julgar as práticas culturais alheias? Que direito temos de considerá-las inferiores às nossas? Devemos lembrar que só são assim – esquisitas – porque as observamos com nossas próprias lentes culturais.

Nós também possuímos algumas práticas que causam náuseas em alguns observadores. O que diria um indiano ao conhecer um mercado público brasileiro? Ao ver como as carnes que comemos (e isso em seu país é gravíssimo) são expostas, dependuradas? Ficaria, certamente, aterrado. Um iraniano radical, por exemplo, que visitasse uma praia brasileira morreria do coração, pois em seu país só o fato de a mulher deixar-se mostrar o tornozelo em público está cometendo algo gravíssimo, passivo de sérias punições. Certamente ele pediria a “Alá” para fulminar a todos com fogo e enxofre.

Seria, então, verdadeiro o ditado “quem com ferro fere, será ferido”? Se julgamos algumas práticas de outras culturas, também as nossas são julgadas e consideradas como abomináveis.

Não seria mais coerente calarmos?

Por que é tão difícil aceitar o diferente? Só está correto se for semelhante ao que pensamos e ao que consideramos coerente? Isso não é uma postura preconceituosa e com grave tendência racista?

Uma pesquisa recente, realizada com alunos da graduação, pediu para que classificassem essas e outras práticas aqui apresentadas como “Aceitáveis” (ainda que com ressalvas) e “Não-Aceitáveis”. Algo que chama a atenção é que não houve muita dificuldade nessa classificação. Eis o resultado, resumidamente:

Aceitáveis:
Comprimento com beijo na boca entre pessoas do mesmo sexo; o resguardo dos pais de algumas tribos indígenas; substituição do membro da família morto pelo próprio assassino; comer insetos como baratas, como ocorre na china; várias mulheres para um marido ou vice-versa, como ocorre em algumas tribos africanas;

Não Aceitáveis:
Matança dos Gêmeos; infanticídio das tribos brasileiras; tortura como arrancar o braço, como ocorre em alguns países de origem mulçumana; mutilação feminina.

O que há em comum em todas essas práticas classificadas como “não aceitáveis”? Parece claro que elas atentam, diferentemente das outras (aceitáveis), contra o que há de essencial no ser humano. Atenta contra aqueles direitos que são basilares e inerentes ao SER HUMANO. Isto é, são direitos que independem e transcendem às culturas e suas práticas. Direitos como a inviolabilidade da vida, sobrevivência, integridade física e psíquica. São direitos inerentes ao homem em qualquer parte do planeta. A ética trabalha nessa perspectiva e com esses valores basilares.

Antes, porém, de adentramos na conceituação de ética e moral, vamos abordar um outro conceito que dificulta bastante o entendimento da atuação universal da ética. É o conceito de Relativismo Cultural. Vamos ver um pouco sobre isso.

• O relativismo cultural defende que o bem e o mal, o certo e o errado, e outras categorias de valores são relativos a cada cultura. O "bem" coincide com o que é "socialmente aprovado" numa dada cultura.

• Relativismo cultural é o princípio que prega que uma crença e/ou atividade humana individual deva ser interpretada em termos de sua própria cultura.

• Esse princípio foi estabelecido na pesquisa antropológica de FRANZ BOAS nas primeiras décadas do século XX e, mais tarde, popularizado pelos seus alunos.

• A idéia foi articulada por Boas em 1887: "...civilização não é algo absoluto, mas (...) é relativo, e, nossas idéias e concepções são verdadeiras apenas na medida de nossa civilização“.

• O próprio Boas não usou tal termo, que acabou ficando comum entre os antropólogos depois da sua morte em 1942.

• O termo foi usado pela primeira vez em 1948, após sua morte, na revista American Anthropologist. O termo em si representa como os alunos de Boas resumiram suas próprias sínteses dos vários princípios ensinados por Boas

• É exatamente baseado nessa fundamentação do Relativismo Cultural que a FUNAI proíbe qualquer tipo de intervenção em culturas indígenas basileiras.

• Mesmo diante do infanticídio, como já relatamos e demonstramos em um de nossas vídeos assim. Mas, a questão é: não estaria a FUNAI com a razão? Até que ponto teríamos o direito de apontarmos nosso “dedo sujo” para as culturas alheias e classificá-las como não aceitáveis? Vejamos o argumento da FANAI sobre essa questão. Acompanhe o vídeo abaixo:


• Há algum tempo, o deputado Henrique Afonso (PT-AC) apresentou um projeto de lei que prevê pena de um ano e seis meses para o "homem branco" que não intervier para salvar crianças indígenas condenadas à morte.

• O projeto classifica a tolerância ao infanticídio como omissão de socorro e afirma que o argumento de "relativismo cultural" fere o direito à vida, garantido pela Constituição. Para saber mais acesso o blog do referido deputado federal:
http://www.henriqueafonso.blogspot.com/
• Em 2007 a Revista Veja publicou uma série de reportagens sobre o infanticídio nas tribos brasileiras. Acesse as informações no link abaixo:
Revista VEJA Edição 2021 15 de agosto de 2007. DISPONÍVEL EM: http://veja.abril.com.br/150807/p_104.shtml

Veja abaixo o documentário produzido por uma das únicas índias jornalistas do Brasil:

• SERIA ÉTICO INTERVIR EM ALGUMAS AÇÕES CULTURAIS? TENTAR ILUMINAR-LHES OS OLHOS, AJUDANDO-OS A PENSAR SOBRE OS FUNDAMENTOS DE SUAS PRÁTICAS?

• CADA POVO TEM SUA PRÓPRIA ÉTICA?


Partiremos agora para a definição de Ética e Moral, esperando contribuir para dirimir, pelos menos alguns, se não todos, equívocos sobre esse assunto, tentando responder a essas e outras indagações:

A ÉTICA VARIA DE POVO PARA POVO? OU SERÁ QUE É A MORAL QUE É VARIANTE?

ÉTICA X MORAL VAMOS PENSAR UM POUCO...ACOMPANHE O RACIOCÍNIO


ESTÁ CORRETO ROUBAR?
E SE O PRODUTO DO ROUBO FOR UM REMÉDIO?
ESTÁ CERTO ROUBAR?
E SE ESSE REMÉDIO TIVER UM PREÇO INACESSÍVEL? JUSTIFICA O ROUBO?
E SE O ROUBO OCORRER PARA SALVAR A VIDA DE ALGUÉM QUE ESTÁ À BEIRA DA MORTE, TENDO COMO ÚNICA E CERTA ALTERNATIVA DE SALVAÇÃO O DITO REMÉDIO?
DEVEMOS PRIVILEGIAR O VALOR “VIDA” (SALVAR ALGUÉM DA MORTE) OU O VALOR “PROPRIEDADE PRIVADA”? (NO SENTIDO DE NÃO ROUBAR?)
É CORRETO ROUBAR?
EVIDENTEMENTE ESSA É UMA SITUAÇÃO EXTREMA, MAIS EXISTEM DIVERSAS OUTRAS SITUAÇÕES ROTINEIRAS, NO DIA-A-DIA, E QUE, IGUALMENTE, REQUEREM UMA DECISÃO, UMA RESPOSTA.

• DIANTE DESSES CONFLITOS, DAS QUESTÕES COMPLEXAS, PERCEBEMOS OS LIMITES DAS RESPOSTAS OFERECIDAS PELA “MORAL” E A NECESSIDADE DE “PROBLEMATIZAR” ESSAS RESPOSTAS (?) OFERECIDAS PELA “MORAL”;

• PERCEBEMOS A NECESSIDADE DE “VERIFICAR” A CONSISTÊNCIA DESSAS RESPOSTAS.
É AÍ QUE ENTRA A ÉTICA!

DEFININDO...FINALMENTE.....ÉTICA E MORAL

ÉTICA

• Do grego Éthos significa, originalmente, morada, habitat dos seres vivos, lugar onde ele se sente acolhido e abrigado.

• A morada vista metaforicamente indica justamente que, a partir do Éthos, o espaço do mundo torna-se “habitável” para o homem, denotando ao atendimento das NECESSIDADES ELEMENTARES do homem; aquilo que faz com que sejam da mesma classe biológica.

MORAL

• palavra grega Éthos, (pronunciada com um som de “Ê” fechado e curto), pode ser traduzida por costume. serviu de base para a tradução latina DE “morales” = Moral.

• A primeira palavra grega Éthos, (pronunciada com um som de “É” aberto e mais longo), significa também propriedade do caráter, essência de um ser, habitat - ÉTICA.

• A segunda também se escreve Éthos (pronunciada com um som de “Ê” fechado e curto), pode ser traduzida por costume - MORAL.

A Moral é normativa

A Ética é especulativa

A Moral, referindo-se aos costumes dos povos, conjunto de hábitos, de regras, normas, leis que regulam a conduta de um povo, nas diversas épocas, é mais abrangente e divergente e variante de cultura para cultura.

• Ética, procurando o nexo entre os meios e os fins dos referidos costumes, é mais específica, avalia a fundamentação de cada costume ou de cada prática cultural.

• Ética e Moral distinguem-se, essencialmente, pela especulação da Lei;

• É moral cumprir a “lei”,

• É ético questioná-la e não cumprir se seu fundamento não for justo.
• A Ética refere-se aos princípios invariantes;
• A Moral, aos variante,
• Ou seja, a preocupação da Ética está baseada em alguns pressupostos que não podem variar de acordo com a cultura, como: liberdade, tortura, sobrevivência, racismo etc.

•Todos eles estão intimamente ligados às necessidades mais elementares dos seres humanos, em qualquer parte do planeta.

•Isso ou aquilo está certo ou errado em qualquer parte do universo? Essa pergunta é norteadora para as questões éticas.

• A Ética procura analisar o que há de essencial no ser humano, de forma que seja uma verdade independente de sua cultura ou práticas e tem caráter UNIVERSAL, tendo como característica principal a reflexão crítica.

• EXATAMENTE PELO SEU CARÁTER CRÍTICO-REFLEXIVO É QUE A ÉTICA É OBJETO DE ESTUDO DA FILOSOFIA E NÃO DA ANTROPOLOGIA, PSICOLOGIA OU DE QUALQUER OUTRA ÁREA DO CONHECIMENTO.

• MAS...O QUE HÁ DE ESSENCIAL EM TODO E QUALQUER HUMANO?

• EXISTEM NECESSIDADES BASILARES, UNIVERSAIS, COMUNS A TODO GÊNERO HUMANO, INDEPENDENTE DE SUA LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA OU CONDIÇÃO ECONÔMICO-SOCIAL?

• ALGO QUE SEJA VERDADEIRO AQUI NO BRASIL, NA MALÁZIA, NA ETIÓPIA, NO BUTÃO OU EM QUALQUER OUTRO LUGAR HABITADO DO MUNDO?

Maslow e a Teoria das Necessidades Humanas

• Segundo ele, o homem é motivado por necessidades organizadas numa hierarquia de relativa prepotência;

• Isto quer significar que uma necessidade de ordem superior surge somente quando a de ordem inferior foi relativamente satisfeita. Veja a sua pirâmide de necessidades. Observem que algumas delas são iguais em qualquer parte do planeta para a espécie biológica chamada homem.

• As necessidades do homem estão organizadas numa série de níveis, ou numa hierarquia de valor. No nível mais baixo, mas de grande importância quando não satisfeitas, estão as necessidades fisiológicas.
• Se observamos bem, entre as necessidades fisiológicas Maslow coloca a HOMEOSTASE. Esse conceito é importante para entendermos o que queremos dizer com “necessidades basilares” do ser humano. Isso será importante como o entendimento melhor da ética.

Homeostase e ÉTHOS

• Homeostase é o processo através do qual um organismo mantém as condições internas constantes necessárias para a vida. Relacionado às condições essenciais de sobrevivência;

• O corpo humano é composto de vários sistemas e órgãos, cada um consistindo de milhões de células.

• Estas células necessitam de condições relativamente estáveis para funcionar efetivamente e contribuir para a sobrevivência do corpo como um todo. A manutenção de condições estáveis para suas células é uma função essencial do corpo humano;

• O ÉTHOS está ligado a essas condições essenciais que TODO ser humano possui

• O economista e filósofo chileno Manfred Max Neef tem argumentado que as necessidades humanas fundamentais são não-hierárquicas.

• Essas necessidades são ontologicamente universais e invariáveis em sua natureza – parte da condição de ser humano.

• A moral, geralmente, visa mais as circunstâncias e as necessidades imediatas, por isso, pode e sempre varia, de cultura para cultura e dentro da mesma cultura;

• Por exemplo: há apenas algumas décadas atrás não era permitido à mulher votar, nem usar determinados tipos de roupas, mostrando o tornozelo, hoje isso já sofreu uma grande variação, ou seja, o que era considerado “imoral”, hoje é completamente aceito pela sociedade e, mais que isso, passou a fazer parte da moral atual.
• Sócrates foi obrigado a beber Cicuta (um veneno obtido a partir da maceração de uma planta) porque questionava e refletia criticamente a validade das leis de sua polis (cidade).
• Em certo sentido, podemos afirmar que ele não agia de forma “moral” (porque questionava os padrões geralmente aceitos pela sua sociedade).
• podemos afirmar também que ele agia de forma ética, identificando a coerência ou não da fundamentação das leis morais estabelecidas.
• A ética não estabelece normas, ela já se depara com toda uma historia de um povo com todos os seus costumes (Moral).
• A ética procura estudar a origem; como tudo começou, quais os objetivos da moral, fazendo uma reflexão crítica do comportamento moral dos homens enquanto seres sociais;
• Isso com o objetivo de identificar comportamentos que são nocivos a uma boa convivência em no habitat (Éthos=habitat) e à pessoa, enquanto indivíduo que precisa e quer sobreviver.
• A ética fundamenta-se na teoria, ou seja, ela se preocupa em esclarecer, explicar, procurar respostas e demonstrar as falhas na fundamentação das práticas culturais; Assim sendo ela não visa interesses individuais, e sim valores com validade universal, visando sempre o bem comum.
• O dicionário Houaiss, assim define Ética: parte da filosofia responsável pela investigação dos princípios que motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano, Refletindo especialmente a respeito da essência das normas, valores, prescrições e exortações presentes em qualquer realidade social.

ASSISTA TAMBÉM PARTE DO DOCUMENTÁRIO QUEBRANDO O SILÊNCIO, ONDE ÍNDIOS
REFLETEM CRITICAMENTE SOBRE A PRÁTICA DO INFANTICÍDIO:


• Podemos pensar numa questão prática que nos revelará a importância de estudarmos esse assunto. Na Moral (lei) brasileira, atualmente. Existem dois casos de Abortos que são “moralmente” aceitos: Em caso de estupro e outro caso quando a mãe corre claro e eminente risco de morte, caso dê à luz. Perguntamos. Esse casos, muito embora tenham sustentação legal e moral, possuem algum tipo de abono da ética? São eticamente justificáveis? Ambos? Ou apenas um deles?

• Apenas no caso em que a mãe corre eminente risco de morrer tem justificação ética. Nesse caso, o médico pode, sem nenhum problema de consciência, optar pela vida da mãe. Observe: não se trata da escolha de um valou menor pelo maior ou vice-versa. O mesmo valor está em questão. É vida contra vida. Qualquer que seja a decisão do médico, estará agindo eticamente, pois está trabalhando em função da vida. Só e somente só nesse caso o aborto é eticamente justificável.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

PESQUISA DE SATISFAÇÃO DO CULTO CRISTÃO: Do culto antropocêntrico à utilização errada do “Princípio Regulador do Culto” pelos Neo-Puritanos


As grandes empresas investem pesado em Pesquisas de Satisfação do Cliente - PSC. Isso é muito importante, pois, com a concorrência, se o cliente não é bem tratado, além de não voltar, ainda procurará a concorrência. Essas pesquisas objetivam identificar possíveis falhas no atendimento ou ainda aspectos que não estão de agrado da clientela. Nesse caso, a ordem é mudar para não perder o cliente.

Esses dias tive a oportunidade de ver e ouvir uma “Pesquisa de Satisfação do Culto Cristão - PSCC”.

Pelo que pude entender, a história era mais ou menos assim:

Um pastor pentecostal havia convidado um grupo de irmãos, também pentecostais, a assistirem um culto em sua igreja. Após o culto, esse grupo e o pastor, conversavam alegre e triunfantemente, enquanto seguiam viajem. Mas, o que me chamou a atenção foi a preocupação daquele pastor com a satisfação daqueles clientes, ou melhor, daqueles irmãos. Vou tentar reproduzir o diálogo com fidelidade, omitindo, obviamente, os nomes:

- Irmão fulano, o irmão ficou satisfeito com o culto? E o senhor irmão cicrano? O culto foi de seu agrado? Indagava insistentemente o preocupado pastor.

- Sim claro, não tenho do que reclamar; ninguém tem do que reclamar, reforçou um deles.

- Eu também fiquei satisfeitíssimo, por mim não acabava nunca! Completou o outro.
Teve ainda outra parte do diálogo que não vou publicar, pois já tenho a injusta fama de “pegar no pé” dos irmãos pentecostais e não quero ser chato. Eu devo ter entendido errado quando um “daqueles” irmãos, timidamente e quase sussurrando, disse ao “referido” pastor: "o senhor abriu a bíblia mas não leu texto algum". Imaginem só! Tive até a impressão de ter ouvido o pastor se justificando: “e a experiência do pastor aqui? Não conta não é?". Bom, como não tenho certeza se o que ouvi foi isso mesmo, pulemos essa parte.

O fato é: os clientes/irmãos ficaram satisfeitos; logo, está tudo bem e nenhuma mudança precisa ser feita. A igreja estava até lotada, “tinha umas 150 pessoas”, disse um deles. Uma postura assumidamente pragmática.

Seria engraçado se não fosse trágico. Afinal, quem é que deve estar satisfeito ou não satisfeito com o culto? Os adoradores ou Aquele a quem é dirigida a adoração? Essa é a realidade do culto hoje em dia. Um culto antropocêntrico, voltado para a satisfação do homem e de seus caprichos. Quem já nao ouviu expressões do tipo: “O culto hoje foi morgado”, “o culto hoje foi muito bom”, “o culto hoje só teve hino feio”, “o culto hoje foi uma “bença”. Expressões como essas indicam para quem está sendo realizado os cultos na maioria das igrejas evangélicas: para o ego do homem. Para satisfazer o adorador e não o adorado; afinal, o adorador é quem dá o dízimo!

Mas, como toda moeda tem dois lados, o que acabamos de dizer acima é apenas um dos lados de um mesmo problema. O outro, diz respeito à idéia “equivocada” que alguns “Neo-Puritanos” têm do chamado “Princípio Regulador do Culto”.

Esses acabam se enredando numa simples questão de interpretação (de língua portuguesa; não chega nem a ser de teologia). Por conta disso, querem transformar algo que é "apenas um princípio" em normas, em leis, em códigos e manuais.

Estarei, muito em breve, apresentando algumas linhas sobre esse assunto, com o objetivo de demonstrar que esse “princípio regulador do culto, que particularmente defendo e subscrevo, não serve e nunca servirá para as pretensas “puritonadas” desses "protótipos dos puritanos", tais como: a proibição das mulheres orarem no culto publico, salmodia exclusiva, proibição de instrumentos no culto, proibição de corais, solos, etc, etc. Aguardem!

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