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terça-feira, 26 de março de 2013

ABANDONANDO TUDO PORQUE NÃO CONSIGO OBEDECER OS MANDAMENTOS DO SENHOR EM SUA INTEIREZA




Nós e nossa mania de perfeição. Julgamo-nos bons além da conta, mas para que isso não pareça prepotência, sendo, nos fazemos de coitadinhos para justificar nossa falta de compromisso com a verdade Revelada de Deus. Se não tomarmos cuidado, se não tivermos clareza do que realmente somos a religiosidade nos empurrará, impreterivelmente, aos famosos “túmulos caiados”.

Somos pecadores e essa condição não nos largará até sermos recolhidos ao Senhor, de uma forma ou de outra. Por conta disso, simplesmente não conseguimos cumprir a Lei Moral de Deus e seus demais preceitos em sua inteireza.

Isso deve nos levar a uma condição de desconforto diante de Deus. Era assim que se sentia o apóstolo Paulo, quando anunciava em tom trágico:

“Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim. Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim. Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros. Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? (Romanos 7:18-24)”.

Segundo o Catecismo Maior de Westminster, essa agonia sentida por Paulo é provocada, de forma proposital, pela própria Lei Moral de Deus, que:

1º) Primeiro nos ordena obedecer sem pestanejar:

Pergunta 93:  Que é a lei moral?

A lei moral é a declaração da vontade de Deus, feita ao gênero humano, dirigindo e obrigando todas as pessoas à conformidade e obediência perfeita e perpétua a ela - nos apetites e disposições do homem inteiro, alma e corpo, e no cumprimento de todos aqueles deveres de santidade e retidão que se devem a Deus e ao homem (Deut. 5:1, 31, 33; Luc. 10:26-28; Gal 3:10; I Tess. 5:28; Luc. 1:75; At. 24,:16; Rom. 10:15).

Pergunta 95:  De que utilidade é a lei moral a todos os homens?

A lei moral é de utilidade a todos os homens, para os instruir sobre a natureza e vontade de Deus e sobre os seus deveres para com Ele, obrigando-os, a andar conforme a essa vontade.

2º) Nos mostra que não temos a menor condição de obedecê-la:

Pergunta 94:  É a lei moral de alguma utilidade ao homem depois da queda? 
Embora nenhum homem, depois da queda, possa alcançar a retidão e a vida pela lei moral, todavia ela é de grande utilidade a todos os homens (Rom. 8:3; Gal. 2:16; I Tim. 1:8).

95. De que utilidade é a lei moral a todos os homens? (Continuação)

A lei moral é de utilidade a todos os homens [...] para os convencer de que são incapazes de a guardar e do estado poluto e pecaminoso da sua natureza, corações e vidas; para os humilhar, fazendo-os sentir o seu pecado e miséria, e assim ajudando-os a ver melhor como precisam de Cristo e da perfeição da sua obediência (Lev. 20:7-8; Rom. 7:12; Tiago 2:10; Miq. 6:8; Sal. 19:11-12; Rom. 3:9, 20, 23 e 7:7, 9, 13; Gal. 3:21-22; Rom. 10:4).

O resumo da “ópera’ é mais ou menos o seguinte: Deus é Santo e o Padrão ou o modelo de Moral exigido por Ele é Ele mesmo. Ele não baixará esse nível de Santidade exigido de suas criaturas somente porque elas não conseguem atingi-lo. Não é sem motivos que ele prescreve “Sede santos porque Eu sou Santo” (I Ped 1:16). Ou seja, atingir esse modelo de Santidade é nosso alvo mas, ao mesmo tempo, sabemos que não conseguiremos jamais mas, mesmo assim, devemos continuar tentando, sempre, sempre e sempre. Desistir de tentar atingir esse padrão tonar-se pecaminoso.

Diante disso, quem não repetiria com Paulo “Desventurado homem que sou”?

Nessa altura de nossa breve reflexão algumas perguntas ecoam em nossas mentes, insistindo em não calar:

O que fazer, então? Liberar geral? Deixar de ensinar os Preceitos Corretíssimos e Santíssimos da Palavra de Deus porque nós mesmos não os conseguimos cumprir?

Tenho ouvido com preocupação esse argumento, escondido em frases do tipo: “quem é que cumpre todos os mandamentos aqui? Quem guarda o dia do Senhor como deve ser guardado?”.

Esse tipo de pergunta retórica, que só abre espaço para respostas do tipo “ninguém e ninguém” (conforme já demostrei pelo Catecismo Maior, acima), são extremamente falaciosas e perigosas. Beiram à heresia e estão carregadas de “dardos inflamados do maligno”. É assim porque, certamente, a sentença que vem a seguir é: “então ninguém pode cobrar que isso ou aquilo deixe de ser feito ou passe a ser feito”, ainda que o que é requerido seja claramente ensinado ou proibido nas Escrituras Sagradas.

Finalmente, devemos deixar de obedecer e ensinar alguns ensinamentos e preceitos Bíblicos porque não conseguimos obedecer outros ou eles mesmos? Absolutamente. Nossa incapacidade natural não nos isenta de tentarmos seguir esses preceitos novamente, novamente e sempre. É cair aqui, levantar-se e seguir de novo para o alvo.

Era assim que agia o Apóstolo Paulo. Sabedor que não conseguiria cumprir fielmente os mandamentos e preceitos do Senhor, ele não desistiu de tentar, não se permitia usar isso como desculpa para não continuar tentando, como muitos querem fazer. Apesar dessa angustiante luta, descrita por ele em Gálatas 5:17, Paulo prosseguia. Ele não recuava; ele teimava em tentar obedecer os preceitos eternos da Palavra de Deus.

Vejamos o que ele diz:

Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé;  para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte;  para, de algum modo, alcançar a ressurreição dentre os mortos. Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão,  prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus (Filipenses  3:7-14)

Façamos como o apóstolo Paulo: Prossigamos para o alvo, sempre. Desistir de tentar obedecer os mandamentos e preceitos da palavra de Deus, sob o argumento que “ninguém consegue” é pecaminoso.

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